domingo, 11 de novembro de 2007

Teoria da Evolução



Não é de todo possível mascarar as minhas preferências pelo negro ou até pelo sinistro. Ainda assim, não posso descurar as noticias do "mundo laranja".
Seria bizarro não aproveitar qualquer história passível de ser alvo de um pensamento.
Uma estimada amiga trouxe-me noticias do mundo hippie (para mim localizado noutra qualquer galáxia!!!)...
Parece que existiu um tal de senhor Terence Mckenna (pelo que averiguei já finado), que dizia que os macacos evoluiram por causa dos CoGuMeLoS! (Esses mesmo que constam da lista das substâncias ilegais...)
Segundo palavras da minha amiga (que certamente se baseiam nas do senhor), os macacos desceram das frondosas árvores para poderem comer os atractivos CoGuMeLoS, adquirindo visão periférica (aquilo dilata as pupilas ainda que ilegalmente). Com esta visão, os macacos começaram a olhar atentamente para cada vez mais macacas. Iniciou-se desta forma uma valente macacada, e este aumento no campo da reprodução levou a uma maior variabilidade genética.
E assim nasceu o Homem!!!! Filho de um CoGuMeLo ilegal...
A minha amiga acrescenta ainda: "No fundo os fungos são eucariotas como os seres humanos!!". A proximidade é indiscutível! (??????) Não andará ela metida no consumo dos atractivos CoGuMeLoS?

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Oh menina, faxavor!

Eu sou uma pessoa humilde e ando de autocarro. Todos os dias apanho dois autocarros para o local onde recebo uma educação superior em troca de umas simbólicas centenas de Euros. No meu dia-a-dia deparo-me com pessoas de todas as idades e culturas nos transportes públicos, e ao longo destes anos, diria uns dezoito, aprendi e vi evoluirem costumes e regras cruciais próprias deste meio.
Uma das maiores lições que aprendi nos últimos anos desta minha experiência vivencial nos transportes públicos foi que hoje em dia já não é seguro ceder o lugar a pessoas idosas no autocarro, por vários motivos que passo a explicar:

  • para começar, alguns velhotes (diria uns 30% da população geriátrica lisboeta) ofendem-se quando lhes oferecemos o nosso lugar. Ficam com a cara mais enrugada do que já têm, respondem mal (um "não, obrigado" bastava, mas eles gostam de acrescentar algumas palavras desagradáveis e, se conseguirem, alguns palavrões) e ainda refilam com a "juventude de hoje". No entanto...
  • a maioria (60%) recusa o lugar facultado porque não gosta dele. Gostam mais de outro, um que já têm em mente antes de entrar no autocarro. Claro que "o outro lugar" que preferem está ocupado por uma qualquer inocente pessoa que provavelmente está a dormir e que não tenciona levantar-se. Mas quem é que diz "não" quando um velhote se aproxima e grita com a voz mais fina que consegue "oh menina, faxavor!"? Eu acho indecente; são preciosos os minutos de sono no autocarro. É que...
  • se não cedemos o nosso lugar, lá vem a velha história da "juventude de hoje" que já se contava quando eles próprios eram uns jovens inconscientes. Então e a "velhice de hoje"? São bem piores que nós, jovens. Mas não posso deixar de parte...
  • os restantes 10%, os que aceitam o lugar. Mas devo realçar que dentro desta aliquota da 3ª idade cerca de 20% não diz obrigado, 70% diz um obrigado seco, mal humorado e de má vontade (se conseguirem ainda refilam qualquer coisa) e 10% (dos 10%, ou seja, 1%) dizem um sincero obrigado com um pequeno sorriso que, pessoalmente, me aquece o coração e me faz ter esperança na velhice de hoje.

Durante todo este processo de cede/não cede, refila/agradece, ao nos levantarmos para ceder o nosso precioso lugar, quando o velhote não se senta, há outro parvalhão qualquer que nos rouba o lugar, normalmente uma pessoa de meia idade. Esses sim, são os delinquentes da sociedade de hoje.

Sendo uma assídua passageira da Carris, costumo encontrar outros passageiros da 3ª idade, também assíduos desta nobre empresa, tão preocupada com a opinião do cliente que até fez um inquérito importante (ao qual não respondi porque nunca chegaram a telefonar-me de volta. Com grande pena minha, porque tinha tanto a dizer...). Várias vezes presenciei diálogos como este:
- Oh Manel, por aqui hoje?
- Oh Izidro, então? Hoje vou neste, mas ontem já fiz a volta do 12.
- Pois, eu faço agora esta e depois faço a do 720.

Estes simpáticos compinchas de viagem, tal como outros da sua faixa etária, como não tem nada para fazer, compram um passe e exploram todas as carreiras do sistema de transporte rodoviário lisboeta! A culpa não é deles... Cá não há muito a tradição do Bingo...
E se o Luís Não-tira-a-caca-do-nariz se passasse uma beca? "Ké itoooo?"

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

E se o Luís Tira-a-caca-do-nariz ficasse paralítico?

Banhos Publicos

Não queria correr o risco de limitar este espaço ao tema veterinário…mas não resisto… (permitam-me que adie os tais pensamentos prometidos), sinto uma necessidade visceral de relatar os últimos acontecimentos “em campo”…
A minha manhã já não começou bem (ui, como tantas outras). Era mais um dia de saída a explorações de gado e o relógio ausente no meu pulso marcava um atraso de 2 minutos e 47 segundos.
Eu, pessoa ensonada, desgrenhada e andrajosa, numa das paragens concorridas de um dos autocarros com lotação esgotada todas as manhãs. Na mão, um objecto desenquadrado, uma super “fashion” mala fim-de-semana (de marca reconhecida e cores adequadas) e nas costas uma mochila de tamanho digno de mudança de casa e de vida.
O esperado… Ao chegar ao ponto de encontro, a carrinha artilhada com os fantásticos mini veterinários e os seus objectos de tortura desenhava já a curva e perdia-se em Monsanto. Não desisti e no fim de uma perseguição agressiva o autocarro deixa-me no verde enquanto eu telefono para alguém a fim de persuadir o Excelentíssimo a não me deixar na só por si já embaraçosa situação (não me obriguem a explicar porque é que um ser, sozinho, nas estradas de Monsanto, de malinha fim-de-semana é embaraçoso).
Já a bordo do “machimbombo” branco rumamos à concentração de vacas.
(Não….naooooooooooooooo! Não quero reviver……diazepam…)
Ao chegar à exploração (relembro que fui colhida no meio do nada e por isso toda a minha roupa e calçado de defesa/trabalho jaziam no cacifo 6#) e depois de realizar diversas tarefas pouco higiénicas, foi-nos atribuído um duro serviço: necrópsia de um vitelo timpanizado.
Uma colega mantém o bicho equilibrado, eu dirijo-me à região caudal enquanto o Excelentíssimo afia na pedra o objecto…o ruim… (coiso e tal).
Respiro!!!
O Excelentíssimo ergue o punhal acima da linha da cabeça, e golpeia o majestoso abdómen do defunto: vertigem, esguicho de cheiro, de espuma, de cor, de tensão… As minhas lentes turvas, o cabelo e a roupa regados de liquido ruminal espumoso, acastanhado e polvilhado de bactérias autócnes; os ténis rosa como tela da “bosta” (ainda que não o fosse superava o título, grau, insígnia e tudo e tudo da referida).
Fiquei vermelha de raiva (ainda que mascarada pelos salpicos de mega tamanho cor amarelo-acastanhada e pelo visco-espumoso do liquido ruminal).
“Peço desculpa alun@!, já se vai lavar…mas venha primeiro palpar este espectacular conteúdo espumoso, é raro de ver algo tão bonito”
Bonito pensei eu, bonito, cheiroso, atractivo, didáctico…adjectivos mil para o banho consumado (Qual banho de lama no Brasil?).
Respondi entre dentes (prefiro esquecer o que mais havia entre dentes) “Já palpei, já senti, já cheirei a fragrância, já comi…”
O encontro seguinte foi com a escova do chão, mangueira e detergente… (não sem antes sentir os risos de escárnio da minha equipa!) em vão digo eu! Após 8 horas com aquele cheiro entranhado em todas as minhas células epidérmicas, consegui apanhar o tal autocarro concorrido, o mesmo do inicio do dia…E para terminar em beleza ouvi os simpáticos comentários da plebe :
“Já não basta ser pobre…e vir aqui enlatado…estas pessoas agora não se lavam” ou “Eu apresentava-lhe o desodorizante”…”É que cheira aqui a Me#RD@!” …
Sem forças ou energia resta-me dizer: não era Me#RD@ era liquido ruminal, ´tá????

Fica bem esta franqueza

Assino em baixo (ou em cima) as boas vindas postadas pela minha colega ;)
Exactamente, concretamente e inevitavelmente deixarei pensamentos levemente esquizofrénicos, no sense e as vezes até ....isso coiso e tal...

Pânico no internamento

Os veterinários são muito poupados nos sistemas de administração de soro. Aliás, preferem que o animal fique sem receber soro do que trocar um dos ditos sistemas (que custa cerca de 0,40€; um absurdo! uma roubalheira!).
Num estágio, em que tive o privilégio de tomar conta dos animais internados, deparei-me com a tarefa aparentemente impossível, de calar a bomba infusora do soro. Estas maquinetas infernais são extremamente sensíveis, pelo que qualquer bolhinha de ar com 0,0001 milímetros de diâmetro dispara o alarme (que, diga-se de passagem, é bastante irritante, especialmente porque está sempre aos berros, devido à dada sensibilidade do aparelho demoníaco).
Eram 19h00, e se eu e a minha colega e amiga Maria (nome fictício) nos despachássemos, podiamos sair às 20h00 e comer um merecido sunday de caramelo do McDonald's (antes do jantar). Rapidamente começámos a preparar as medicações dos nossos pacientes. Claro que para nos atrapalhar, um alarme disparou. A máquina do demo queixava-se de uma bolha invisível, que eu, ao tentar encontrar, transformei numa bolha gigante. Deixou mesmo de ser bolha e passou a ocupar cerca de 4 centímetros do tubo de soro. Não me conseguia desfazer daquele ar todo e perguntei à Maria o ela achava de espetar uma agulha no tubo e tentar tirar o ar.
- Não sei, não sei!... - ela estava muito concentrada a colocar um comprimido num lança-comprimidos e a preparar-se psicologicamente para administrá-lo a um cão alegadamente agressivo. Na verdade o seu receio era infundado, pois o cão estava moribundo, aliás como a maioria dos animais internados. Naquela clínica todos os animais tinham um de dois destinos, quer se encontrassem moribundos ou relativamente bem: ou se curavam miraculosamente ou morriam. Não havia doenças diagnosticadas, só administrações medicamentosas iguais para todos e milagres. Ou mortes.
Decidi arriscar. E concluí rapidamente que tinha sido má ideia. Não só a bolha permaneceu no tubo, como agora este tinha um furo (quem diria?!?) por onde saiam alegremente umas modestas gotinhas de soro. Coloquei prontamente um adesivo à volta mas o soro ofendeu-se e começou a sair furiosamente pelo buraquinho!
- Maria, Maria! Isto está a deitar soro por tudo quanto é lado!
- Claro que está! Se o furaste, do que é que estavas à espera?
Nem respondi...
- Tens de me ajudar a mudar isto rapidamente antes que a veterinária desça da consulta!
Batemos o record de mudança de sistemas de soro. Não cronometrei, mas de certeza que foi em menos de 20 segundos! Pus o sistema de soro arruinado no bolso da minha bata, para mais tarde eliminar a prova do crime (pensava deitá-lo no contentor do lixo em frente à clínica mas esqueci-me e acabei por levá-lo para casa).
Entretanto, enquanto eliminava mais algumas provas incriminatórias, a Maria ia administrando os medicamentos.
- Ai! Ai, que isto não está a acontecer!... - ela estava um bocado branca. - Enganei-me e administrei a medicação do gato a este cão!
O gato tinha uma bateria de remédios maior que a dos velhinhos hipocondríacos. Repito que naquela clínica não se faziam diagnósticos, por isso o protocolo consistia em tratar todos os sinais que o animal apresentasse, e no caso deste gato eram muitos...
A Maria foi rapidamente ler as bulas de todos os medicamentos indevidamente administrados ao cão enquanto eu me tinha sentado no chão (provavelmente em cima de uma poça de xixi) a rir-me até me doer a barriga e me faltar a respiração. Era asneira demais para 20 minutos e com cansaço à mistura, só posso concluir que tive um mini-esgotamento associado a um pequeno ataque de histerismo que resultou em gargalhadas (abafadas, não viesse a veterinária ver do que me estava a rir!...).
Lá me recompus e acabei de dar as medicações todas (as certas) enquanto a minha amiga continuava com cara de caso a ler os efeitos secundários das drogas.
- Em principio não há muita coisa de grave - disse-me ela. - No fundo demos vitaminas, estimuladores da eritropoiese [formação de glóbulos vermelhos], um antiemético e um antibiótico.
- Então não há de fazer muito mal.
- Mmmh, excepto o antibiótico, cujos efeitos secundários são vómito, diarreia, anorexia, apatia... Pode haver tremores...
Não era lá muito animador... Mas ela estava com um ar tão preocupado, que só consegui responder:
- Deixa lá, não é nada que ele já não tenha...
E era verdade. E nunca ninguém descobriu.
No dia seguinte o cão, já não estava lá quando chegámos. Chorámos a sua morte e escrevemos um in memoriam silencioso nas nossas mentes.
Afinal tinha ido para casa. O gato, esse sim, morreu mesmo.

Pensamentos das 2h47

O nome do bloque fala por si. É um blogue que tem de ser lido com um filtro.

É provável que haja temas recorrentes como descrições de aulas, descrições de viagens de autocarro, cagalhotos e, principalmente, pensamentos que afloram as nossas mentes às 2h47. Provavelmente serão ideias filosóficas próprias da hora.

Benvindos.