quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Comer um Ferrero Rocher


Comer um Ferrero Rocher é uma arte que nem todos sabem apreciar. Para desfrutar verdadeiramente este singular bombom uma pessoa deve estar no conforto e intimidade do seu lar, pois comê-lo em público é considerado na sociedade ocidental um acto pouco fino, ou como muitos dizem hoje em dia, "um nojo". Excepto em Itália, onde já nascem a saber comer um Ferrero Rocher.

É que comer um Ferrero Rocher, apreciando-o como um perito, implica comer o bombom às camadas.

Assim, primeiro trinca-se a cobertura de chocolate e avelã aos bocadinhos, com o cuidado de não partir a delicada bolacha wafer que está por baixo. Nesta etapa caem muitas milgalhas de chocolate-avelã e é para isso que serve o papel castanho; não é um adorno inútil e imagem de marca deste famoso pecadilho da Ferrero.

Chega a vez de desfazer a concha crocante de wafer. O wafer pouco doce faz um "reset" às papilas gustativas, preparando-as para receber, em todo o seu esplendor, o chocolate, aquele nutella cremoso e mole que se cola nos dedos à medida que vamos desfazendo o wafer. É nesta fase que o indicador e o polegar ficam cheios de chocolate meio chupado e as comissuras labiais estão saborosamente castanhas. É precisamente neste momento que uma pessoa entre em delírio com o bombom e coincide com a fase menos aceite socialmente da degustação do chocolate.

E finalmente, depois de saborear o creme de chocolate vem o clímax - desfazer a avelã inteira e torrada nos dentes molares; e temos novamente a combinação divina de chocolate (residual na boca mas ainda com uma forte presença) e avelã, mas com uma nova e supreendente textura. Depois do êxtase, deixa-se repousar a boca durante uns momentos, enquanto se pensa no prazer que foi comer o Ferrero Rocher. Nestes instantes, a sala, esquecida por completo, torna-se de novo real e apercebemo-nos, então, que temos na mão o papel castanho com migalhas de chocolate e avelã. Com o indicador apanham-se delicadamente as migalhas e saboreiam-se as mesmas saudosisticamente.

Sugiro que experimentem comer um Ferrero Rocher como ele deve ser comido, como ele foi feito para ser comido, ao som do 2º andamento da 7ª sinfonia de Beethoven. Ponham a música a correr e iniciem o ritual, descascando lentamente o bombom, saboreando-o por etapas, sentados no conforto do sofá da sala de estar. Nunca mais quererão colocar um Ferrero Rocher inteiro na boca.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

O chá é diurético e o café é laxante.

domingo, 21 de dezembro de 2008

A vida só vale a pena se nos expusermos ocasionalmente a situções de perigo que a tornem emocionante.

Há quem faça bungee jumping. Há que atravesse a passadeira muito devagarinho quando está vermelho para os peões.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Esclarecimento

Muitos amigos meus não ligados à música me perguntam:

"Qual é diferença entre escrever dó # e b? Soa igual!"

Escrever um dó # em vez de um b é mesma coisa que escrever "Essa de Queirós, ora eça!"

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Pergunta: Faça o fluxograma do surimi.

Resposta: O que é o surimi?...

Sonhos

Desde pequena que me dizem:
"Nunca desistas dos sonhos!"
Depois de anos a perseguir alguns (que se escapam pois são atletas de alta competição), encontrei uma explicação (bastante natalícia por sinal): nunca me disseram a frase até ao fim, e eu, qual sonhadora interpretei mal. O que realmente me queriam dizer era:
"Nunca desistas de um sonho, se não houver numa pastelaria, vai a outra!"
DECRETO-LEI Nº 276/2001

CAPÍTULO III
Normas para o alojamento de reprodução, criação, manutenção e venda de animais de companhia

Artigo 31º

b) Não é admitida a manutenção de peixes vermelhos em aquários de forma esférica.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Sistemas Binários


Hoje, decidi telefonar a um amigo para partilhar uma deliciosa descoberta...
Um outro amigo meu, que é Astrofisico, falou-me das estrelas binárias.
Segundo ele, de uma forma muito simples e para que uma criança de três anos possa entender, Estrelas Binárias são duas estrelas que orbitam uma em torno da outra, sendo uma sempre maior e que à vista desarmada podem ser vistas como uma só...
Comentava com o meu amigo ao telefone que este sistema tem algo de romântico, afinal estão ali as duas, a orbitar, como uma só... quando ele me diz:
"Ah pois é, muito romântico, mesmo.. afinal orbitam uma CONTRA a outra!"
Não há esperança...ligada ao amor, hoje em dia, vem sempre a violência doméstica!

Realmente a próstata é um orgão que não me faz falta nenhuma! - Parte II


Eu sou uma pessoa muito querida e adorada na minha rua! Tão adorada, mas tão adorada, que exerço em dias não previamente estipulados, consultas de terapia aos transeuntes, vizinhos e afins. (Uma terapia qualquer, é irrelevante qual!)
As consultas são dadas gratuitamente, sem acordo prévio com a minha pessoa e julgo que se iniciam espontaneamente devido ao meu olhar calmo e maternal…
Ainda a semana passada o arrumador mais competente da minha rua (não é ironia, ele é mesmo bom no que faz e é muito correcto e educado) iniciou o seguinte diálogo com a minha pessoa:
-Olá vizinha, ‘tá boa?
-Bem muito obrigada e você?
(ERRO! Se não queremos ouvir, não devemos perguntar…)
-Sabe, dia 18 de Novembro fiz anos…sabe, olhe 2 semanas no hospital! Ia-me morrendo!
-Ah sim? Então?
-Olhe, nesse dia vizinha comi tanto marisco e bebi tanta cerveja que me atacou aqui!
(coloca a mão sobre o “flanco direito” na zona da última costela)
-Ah estou a ver…atacou-lhe o Fíg….
-Como se chama este órgão pah! Aqui.Ai…atacou-me a próstata!
-Ui! (A minha cara maternal transfigurou-se e deu lugar a um esgar…um esgar de dor e contenção…não me podia rir ...afinal ele quase morreu!)
-Sabe vizinha, tenho que ter cuidado, porque eu já não tenho pai nem mãe.
Blá, blá, blá blá…mas eu só conseguia pensar na próstata… será que a pobrezinha ficou afectada porque os arrumadores não têm o hábito de ingerir marisco?
O Monsanto tem o seu encanto!

domingo, 14 de dezembro de 2008

domingo, 7 de dezembro de 2008

O poder do vermelho

Na sexta-feira fui ao Colombo em busca das prendas de Natal e aproveitei para ir ao supermercado porque precisava comprar leite e acetona.

E claro, coisas estranhas aconteceram, provavelmente porque vestia um casaco vermelho e as pessoas pensaram automaticamente: "Ora, aí vai uma menina com espírito natalício! Que bonito, tão querida." Nunca põem a hipótese de ser um casaco bloody.

Adiante. Passei pela secção de roupa de casa, a caminho do corredor dos produtos de higiene, e um senhor que tirava toalhas brancas de uma caixa grande e as atirava para o chão, ao mesmo tempo que gritava com a mulher ao telemóvel, dirige-se a mim:

- Oh menina, menina! Olhe aqui! - empunhava uma toalha verde na mão desta vez. - Olhe, menina, isto é verde-alface?

- Aaa... sim, acho que sim...

- Olha, melher, 'tá aqui uma menina que diz que é. ... Eu sei lá! ... Ela diz que é! ...

Se não for verde-alface acontece-me alguma coisa no futuro? Vêm atrás de mim? É que a senhora do outro lado do telefone parece perigosa.

- Olhe menina, obrigadinho hein? É que eu não sei o que é verde alface! ... O quê? ... Oh melher, eu já tenho uma, queres mais ou não? ...

Prossegui o meu caminho a pensar que as cores por vezes são subjectivas e lembrei-me das aulas de Patologia Geral, em que observava umas bolinhas ao microscópio e tinham várias cores e eu achava aquilo bonito. Tinha uma qualquer base científica por trás e o difícil mesmo era acertar na cor que o professor achava que era. Se eu classificava a bolinha como azul ele considerava incompleto porque era azul turquesa, mas se é para ir a esse nível, então permitam-me que discorde, porque aquilo era azul celeste.

Na secção da acetona procurava a mais baratucha e enquanto olhava para as várias acetonas à minha disposição com um ar entendido e concentrado, um senhor aproxima-se por trás e diz:

- Menina, desculpe, mas a menina... eu...

Era um senhor nos seus 40 anos e tinha um pacote de pensos higiénicos na mão. De todas as pessoas no supermercado, tinha de vir ter comigo, porque eu tenho um casaco vermelho.

- É que... a menina desculpe, mas pronto, a menina tem o período, não é?... é que não percebo nada disto...

Não sei como não me desmanchei a rir na cara dele. Fiz um esforço estóico, se calhar até estóico demais porque acho que consegui estar a falar com o senhor com a mesma cara, mas exactamente a mesma cara, com que avaliava as acetonas.

- Bom, eu... - comecei.

- É que é para a minha filha! - respondeu ele apressadamente, antes que eu pensasse que fosse ele próprio o utilizador - E ela, ela sai de casa com aqueles O.b.'s mas ela disse que em casa não usa isso e mandou-me comprar uns pensos e eu não percebo nada disto!... É que nunca comprei uns na vida...

Olhei com mais atenção para o pacote. Não conhecia a marca mas percebi que eram daqueles muito grossos, daqueles que nem se dobram na embalagem, tão grossos que são. Dizia à frente, em letras grossas, "noite tranquila".

- Olhe, estes realmente são dos que se usam para dormir, mas...

Fiquei indecisa... será que é apropriado ir com o senhor até à secção dos pensos higiénicos e dar-lhe uma palestra sobre as variedades, marcas e relação qualidade/preço dos ditos?

- É que há outras marcas, uns mais finos...

- São para dormir? Ora é isso mesmo! Olhe menina, muito obrigado, muito obrigado mesmo!

E foi-se embora feliz da vida, aliviado, sorridente. Missão cumprida.

Foi nesse momento que comecei a considerar seriamente envergar por carreira de apoio ao cliente em supermercados. Com certeza teria uma carreira de sucesso! Chegaria um nível tal que todos teriam respeito e admiração sem limites pela minha pessoa! Especialmente se a farda fosse vermelha.

sábado, 29 de novembro de 2008

Cada caso é um caso, e vale o que vale.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Se existir obstrução completa, há obstrução total.

domingo, 23 de novembro de 2008

Sonho de uma noite de invasão

Ontem, já a noite ia avançada, estava na cozinha a cortar cenouras para dar aos meus animaizinhos de estimação. Animaizinhos mesmo. Porque são miniaturas de gente, com mau feitio e apetite devorador.


De repente, ouvi vidro a partir-se nas escadas de emergência, nas traseiras do prédio. Ladrões! Bandidos! Drogados! Jovens delinquentes! Esquadrão de elite!

Armei-me com o rolo da massa na mão esquerda e a faca de trinchar na direita e espreitei pela janela da marquise.

Era o objecto do meu amor platónico, que tinha acabado de partir o vidro da porta que permite uma comunicação pouco segura entre a sua cozinha e as escadas de serviço. Estava com um ar admirado e confuso e colocou a cabeça pelo buraco recentemente criado, só para ter a certeza que estava mesmo partido.

É tão desajeitado. Temos tantas coisas em comum.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Manual de instruções

Quando pretenderem realmente cortar os pulsos verifiquem se:
- O objecto a ser utilizado é marcadamente cortante e eficaz!
- Os cortes são realizados em diversas direcções distintas!
- A profundidade do corte é suficiente para atingir veias, vasos e nervos.
- Realizam a vossa tarefa dentro da banheira para não manchar os tapetes de arraiolos nem a tijoleira.
Muito obrigada.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Flores e Amores



Socorro!
Ofereceram-me uma flor! Não sei se é uma flor, se é uma planta, se é um arbusto ou se estes três são tudo a mesma coisa! Não sei!
A questão é…é que tenho sérias dificuldades em lidar com uma gigantesca panóplia de temas que normalmente fazem as delicias de qualquer mente feminina:
-Decoração
-Jardinagem
-Trabalhos Manuais
-Moda
-Culinária
-Etc…
Mas agora estou sobre pressão! Com os 24 anos biológicos chegou “uma plantinha” adorável, bela, fresca e… o pior de tudo: viva!
Já procurei todo tipo de informação: duas regras semanais e sol qb devem ser cuidados suficientes para mantê-la viva…Com um pouco de conversa e algumas palavras doces quem sabe até a faço feliz.
Esqueci-me de dizer que a plantinha é um Ciclame… li numa página web (enquanto procurava informações de como não a deixar morrer) que representa o ciúme…
Agora, perguntam os leitores, porquê tanta preocupação com o novo hóspede da minha humilde casa?
Está provado cientificamente (mas pouco!!!) que o individuo que é capaz de cuidar de uma planta está totalmente preparado para ter uma relação amorosa :) !

Tears and Rocks




Tomorrow there were no footsteps in my backyard,
Yesterday for sure they will be gone.
As I lay my body on the rocks,
Tears caressed my green dark eyes.

As the clocks start to take their places
As the hours have been set
The rocks replaced my heart
The tears were locked inside.

There are no bitter sweet mornings,
Just the usual unfinished nights
When rocks meet tears
Where tears melt rocks.

Yesterday I will be between bars
Tomorrow I was just euphoric
Today there are just tears and rocks,
Fingerprints [you] silently left on me.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Votação


Convoco todos os leitores deste magnífico blog a participar numa votação on-line.

Por favor classifiquem o rabo central da fotografia acima numa escala de 1 a 10.

Os votos convertem-se em dinheiro que reverterá a favor dos Amigos dos Amadores de Música.

Num futuro próximo, o respectivo dono do rabo será leiloado. O/a maior licitador/a poderá levar este belo espécimen de Homo sapiens consigo para casa pelo período não superior a 36 horas.

Obrigada

Semana Europeia Veterinária


Esta semana é genial!

Ele é dia de " we are so happy that you were born!", ele é dia Mundial do Diabetes, ele é dia de S.Martinho... e o melhor de tudo : Semana Europeia Veterinária.

Estou realmente feliz!

sábado, 8 de novembro de 2008

Existe sempre uma razão lógica

Uma das disciplinas base do curso de Medicina Veterinária é a Bioquímica. É uma cadeira tão fundamental que o regente da mesma considera-a mais importante que a Anatomia, razão pela qual dedicámos 3 (três) semestres do currículo académico, das nossas vidas e as nossas férias de Verão à Bioquímica.

É graças à Bioquímica que hoje sei pormenorizadamente (enfim, hoje se calhar já não pormenorizadamente) o processo de Fotossíntese, tema 12 do 3º Semestre, fulcral para o conhecimento geral do Médico Veterinário.


E a Fotossíntese é estudada porquê? Porque existem gatos com olhos verdes, ricos em clorofila. E não menosprezemos a importância crescente dos novos animais de companhia, como as iguanas, verdadeiros animais fotossitéticos.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Divagações de bairro

Eu vivo no Bairro das Colónias. Coincidentemente, ou ironicamente, é um bairro onde vivem essencialmente pessoas oriundas da China, Índia, Brasil, alguns países Africanos e, claro, não podiam faltar, velhotes. É um bairro cheio de vida, de movimento e não é preciso ir longe para conseguir qualquer coisa de que se precise:

  • molas da roupa: loja do chinês
  • cera de depilação: drogaria indiana
  • manicure: cabeleireiro brasileiro
  • internet: loja especializada do chinês (mas atenção, o teclado e o Windows estão em chinês)
  • óleo para fritar as batatas: mercearia africana

Quando passeio pelo meu bairro ouço imensas línguas diferentes. Na verdade raramente ouço português, excepto alguma velhota testemunha de Jeová que não me larga o braço enquanto eu não aceitar um livro sobre sexualidade adolescente. Sinto-me tão cosmopolita nas minhas incursões à frutaria (também gerida por chineses).


Mas mais perto de mim, há os vizinhos do meu prédio: tal como em toda a parte há os vizinhos que gostamos e os que odiamos.
Por exemplo, os meus vizinhos de baixo são uns velhotes amorosos por quem eu tenho especial carinho pois pensam sempre em mim e dão-me mensalmente um enveolpe grande cheio de piri-piri. São atenciosos e dão-me meias nos anos e Ferreo Rocher no Natal. Depois há o meu vizinho da frente, o tal gadelhudo que para minha infelicidade é gay. Vive com outros estudantes do ensino superior e juntos gostam de fritar batatas às sextas-feiras.

Mas nem todos são nossos amigos. Existe um conjunto de pessoas que varia mensalmente no R/C esquerdo - é algo mafioso. Há a vizinha do 1º direito que boicota as tentativas de modernização do prédio, faz queixas injustificadas à polícia e à Junta de Freguesia e nem sequer paga condomínio.
Mas o pior é ele... o meu delinquente vizinho de cima, com o tal amigo mal-cheiroso. Esse teenager degenerado aparentemente é o Homem da casa porque vive com a mãe e a avó. É o tipo de miúdo que grita com a avó quando o almoço não está feito e que ouve música (de muito má qualidade) aos altos berros. E claro, como um adolescente normal passa horas no messanger; ainda não descobriu, coitado, que dá para tirar o som de recepção de mensagem instantânea. E isto dura até as 2h30 da manhã, hora pela qual, provavelmente por problemas logísticos, se põe a arrastar os móveis antes de ir dormir. Isto não me incomodaria muito, não fora o facto de o meu quarto ser exactamente por baixo do dele. Talvez seja por isso que me surgem tantos pensamentos às 2h47.

Ontem esqueci-me, mais uma vez, das chaves em casa. Pus-me imediatamente a mandar mensagens à minha mãe e ao meu irmão "A que horas chegas a casa??". Só chegavam às 20h... o que significa que estava dependente de... sim... exacto... da minha avó.

A minha avó gosta muito de conversar. Provavelmente porque o seu leque de histórias é bastante reduzido e como as quer contar e nós já as ouvimos vezes sem conta desde há 20 anos para cá, tem de encontrar novos ouvintes. Isto para dizer que é óbvio que fiquei à espera dela durante 2h porque, vim a perceber depois, ela conversou com toda a gente com quem se cruzou a caminho de casa.

Enquanto esperava, sentei-me nas escadas a ler. A porta dos vizinhos da frente abre-se e sai de lá o meu vizinho gadelhudo. Ao menos uma bela visão para alegrar a minha tarde, pensei.

- Boa tarde! - disse ele. Uma pequena dúvida... será que é para mim? Atrás de mim está a parede... Sim! É para mim! (ler o sim com entoação do anúncio do Herbal Essences)
- Olá!

Ele passou por mim e começou a descer as escadas. Cheirava a côco. De repente, pára e olha para mim com ar de dúvida. Aproveito para meter conversa, claro.
- Esqueci-me das chaves!...
- Ah... - murmurou pensativamente. Recomeçou a descer as escadas; ao mesmo tempo continuou - Pois, eles estão fartos de me dizer...

Quem?... A minha mãe? O meu irmão? Não sabia de tais socializações...

- Tenho mesmo de fazer a cópia da chave, mas ainda não fiz.

A chave? Da minha casa? Por mim tudo bem... Mas devia ser uma piadeca, então ri-me. Afinal não era, porque ele ficou com cara de parvo a olhar para mim e eu recomecei a leitura, com o nariz bem enfiado no livro, demasiado perto das páginas para conseguir ler realmente o quer que seja.

Entretanto o jovem terrorista entra no prédio e grita qualquer coisa à avó como "Olha, vou ao Minipreço!". O amigo stincky ficou à porta enquanto o puto subia as escadas. Quase a chegar ao 2º andar, onde eu estava a sentar, grita para o amigo: C@brões de merd@! Não dizem boa tarde, os filhos da put@!

De repente apercebe-se da minha presença, olha para o chão e diz baixinho "Boa tarde". Ele, normalmente não me fala (o nosso ódio é mútuo) mas desta vez não podia não cumprimentar. Respondi um triunfante "Olá" com o sorriso mais genuíno que alguma vez lhe lancei. Estava a deliciar-me com esta cena. O delinquente chega a casa e depara-se com a porta fechada (realmente, quem diria...). Em vez de usar a campaínha começa a esmurrar e pontapear a porta. A própria porta, que otário...

E por tanto o balanço final do dia foi:

Gadelhudo: +1 (eu vou considerar um avanço na nossa relação platónica o facto de termos trocado palavras)
Vizinho delinquente: - 19485

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Bife na pedra

Mandaram-me um e-mail com esta imagem:


Tinha o seguinte comentário: "Belo naco".

De facto. Mas não vejo gadelha nenhuma. Espero que esteja caída e esvoaçante atrás da pedra porque bife sem acompanhamento é como um cão sem pulgas.

Este espécimen e sua gadelha, sim, poderia chamar-me sardinha.

Ou qualquer outra coisa que ele quisesse.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Atracção específica

Às terças-feiras à tarde vou de carro para a faculdade. No carro do meu irmão, claro, que eu não possuo tal comodidade.

Certa terça-feira, ia eu a sair de casa quando reparo que faltam os documentos do carro! Furiosa, telefono ao meu irmão:

- Onde raio estão os papéis do carro?
- Uuuuuhps... esqueci-me e trouxe-os comigo... Olha, passa por aqui antes de ires para a faculdade!

Bom, não tive escolha, e passei pelo IST de carro, com uma guia provisória e sem documentos... Como se não bastasse, o ponto de encontro que o meu irmão escolheu era um local que estava em obras. Parei em cima de uma passagem de peões amarela, atrás das obras. Liguei os 4 piscas e esperei pelo meu irmão.

Ao olhar para a esquerda vejo um polícia mesmo ao pé de mim. Eu olho para ele, ele olha para mim (através de óculos escuros), eu fico quieta, ele continua a ronda.

Estupefacta por ele não me dizer nada, fico no mesmo sítio. Ele passa várias vezes por mim e não diz nada. Não sei bem o que fazer, por isso não faço nada.

O meu irmão surge calma e lentamente, com os documentos na mão, bem visíveis a 5 metros de distância. Quase a chegar ao carro ainda os abana para eu ver que estavam ali...

Refilo qualquer coisa com o meu irmão, mas ele não percebe qual é o meu problema e deixa-me a falar sozinha... Olho outra vez para o polícia, que olha para mim. Não tem um ar especialmente carrancudo. Eu tenho a certeza que estou a cometer umas quantas infrações. Como ele não diz nada, inicio a marcha o mais rapidamente possível para sair dali, passando um amarelo tinto.

Conclusão a que cheguei: sou uma gaja podre de boa, cheia de charme e com "great personality". Claro que estas qualidades apenas são detectadas e apreciadas por certos tipos de homem, nomeadamente blacks, indianos, velhos (mais de 75 anos), sem-abrigo e bêbados. E, aparentemente, certos polícias.

Dou já de seguida mais alguns exemplos:

  1. Ia eu, inocentemente, pela rua abaixo, quando um bêbado pára a sua caminhada ziguezagueante e me diz, olhos nos olhos, bafo ácido na sensível mucosa nasal: - Ésh a menina maish bonita que eu já vi...!
  2. Passei por um sem-abrigo na Baixa e ele olhou para mim, fez um esgar amarelo e cantou: -Oh linda, linda sardinha...!
Odeio as minhas ferormonas.

sábado, 1 de novembro de 2008

Dieta - Follow up I

Em resposta ao nosso activo comentador Thaeos (ver comentário aqui), quase mais activo que as próprias autoras, ou pelo menos com comentários maiores que os posts publicados, sentimo-nos coagidas a partilhar com os leitores a evolução da 2047ª dieta.

Ou não.

Talvez mais tarde.

As autoras

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Cadbury Dairy Milk Chocolate


Não há melhor amigo para uma mulher do que o chocolate! Carentes, Apaixonadas, Frustradas, Gulosas, Festeiras, Irritadas, Nervosas, Ansiosas, Desesperadas...
Todas as mulheres um dia acabam por procurar este fiel poço de teobromina com fins vários: diurese, relaxamento,vasodilatação...
Ora eu sou uma mulher como as outras e como tal, um destes dias cedi à tentação e comprei um Cadbury Dairy Milk Chocolate... sorriso, papilas gustativas saltitantes e weeeeeeeeeeeeeeee: Serotonina!!!
Abro cuidadosamente a embalagem (que na minha opinião tem uma cor muito apelativa!) e os meus olhos descansaram num pequeno detalhe: "Chocolate familiar blá blá blá".
Familiar?? OHHH! NÃO!!! São 6 quadradinhos pequenos, não chegam a ser 50 gr... cabem todos na minha mãozinha, e tenho que o dividir?? Tenho que o partilhar???
Tudo bem que já não tenho avós, mas restam os meus progenitores, a minha tia, os meus padrinhos , os meus tios todos, os meus inúmeros primos :S ! Não, não, não!
Vou esconder, omitir, mentir, o Chocolate é meu e a mim ninguém mo tira! Ou então...passo a ser uma mulher Agressiva e não há Teobromina que me valha! Ora ora familiar!! Só pode ser a gozar...Quem escreveu esta palavra ERRADA na embalagem era seguramente uma pessoa solitária!

Momento de intimidade

Certo dia, ia eu a caminho de casa, sem pressas, pelo passeio. À minha frente passeava um casal de namorados: o rapaz tinha a mão enfiada no bolso de trás dos jeans da namorada e esta tinha, por sua vez, a mão enfiada no bolso de trás dos jeans do namorado.

A dada altura, ela olha para ele e exclama:
- Oh! Senti o teu rabo tremer!
- Pudera! Dei um peido!

A culpa é do Veterinário :)

"Depois de ter analisado cerca de sete dezenas de amostras, a Deco/Proteste chegou à conclusão que a grande parte da carne de frango à venda no mercado nacional não tem qualidade."

Moda e Realeza



Muitas vezes hesito escrever sobre o Jet7 desta nossa Grande República (Hino!Bandeira! Expressão trágica e melancólica recordando as vítimas dos Descobrimentos!), mas num outro qualquer dia vi uma das melhores entrevistas da Sra Dona Lili Caneças - esse ícone da "Realeza" (Hello!?! Duh! Realize!!)Portuguesa.
Não posso precisar as palavras que foram proferidas na dita entrevista uma vez que fiquei um bocado incrédula com o que ouvia, mas tentarei descrever a situação BiZarRa!
A Lili empunhava o microfone de uma estação televisiva privada e entrevistava a "outra" da Moda (penso que era a Ana Salazar, mas isso é irrelevante). A conversa tinha como tema as tendências da estação, a beleza dos cabides (as manequins) e as cores mais "fashion" para este Inverno. Eis que Lili decide agarrar o tema (o das tendências da estação) e explorá-lo como ninguém!!
-Minha querida sabes que a tua irmã tem muito orgulho de ti! (Orgulho será uma nova tonalidade de rosa choque?)
-Ah bem...
-Aliás ela está aqui ao lado e não me deixa mentir! E ela tem orgulho de ti porque o teu pai era um dos melhores pintores do nosso país (a tal Grande República).
Não sei se percebi, a Lili entrevista uma estilista e ficamos a saber que a irmã da entrevistada tem orgulho da famosa por ela ter o mesmo pai, que por sua vez era pintor? Estou confusa :(
Mas quando achei que a conversa não podia piorar a Lili prossegue:
-Aiiiii o teu pai, era uma excelente pessoa, pintava cavalos como ninguém!! É que eu vivo ali do outro lado da rua, "neste" maravilhoso Cascais. Uma das memórias mais marcantes da minha vida foi quando o teu pai me levou a lanchar ao "Muchacho" (quando o Muchacho ainda era um barracão) e nós brincávamos as duas juntas e...e...e...e..e...
Pelo menos ficámos a saber que a Ana e a Lili são amigas de infância...
Mas, mas... eu assim não sei o que vestir este Inverno! Oh não!
Entretanto entra nas 4 linhas da emissão um "betinho", nada na moda,(segundo a Lili nascido no Castelo da Penha de "something", que hoje é um hotel)que faz declarações importantissimas:
-Acho que a moda deve continuar apesar da fome, das guerras e da crise. A moda é uma terapia, a moda é uma cura.
A cena televisiva acaba com um tipo de meia idade (ou idade completa não sei muito bem) a mostrar a sua camisola que já tem buracos e um tempo de vida equivalente a dez anos, no entanto ele diz que é fantástica porque foi comprada em Londres e quem a desenhou foi um fulanito tal italiano...
Meus caros leitores, se se cruzarem comigo e eu não estiver vestida segundo as tendências da moda...contactem a Lili e façam as vossas reclamações.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Ai!!! Vem aí!



Começaram a colocar as iluminações de Natal.
Tradução: A taxa de suicidio vai aumentar exponencialmente.

domingo, 26 de outubro de 2008

Bambis, Dumbos e Simbas

Tenho um amigo que durante anos viveu feliz!
Tudo corria bem no seu mundinho imaginário, e os "animaizinhos" estavam correctamente arrumados na sua mente, quase melhor, diria, que na Arca de Noé.
Numa conversa informal expressava os seus gostos pessoais: "Gosto de cães, não gosto de gatos, os elefantes são assim, os veados são engraçados, os bambis são amorosos, os..."
"Qué?"
Os Bambis? Mas, mas... O Bambi é um veado!!!
"Não!! Existem os veados e os bambis!! Ora que história!!"
Claro... existem os Bambis e os veados, os Simbas e os leões e os Dumbas e os elefantes!! Ignorância minha perdão!

Barbie

Há dias em que a menina acorda milagrosamente bem disposta :) , mas tão bem disposta que tem vontade de gritar “Bommmmmmmmmmmmmm dia meu POVO!!!”.
O pequeno-almoço é a refeição mais importante do dia e é por isso que a menina salta para a mesa e erradamente, MUITO erradamente liga a televisão! Nooooooooo…A Mattel lançou um novo brinquedo (até aqui não há problema até porque estamos na fantástica e brilhante (aquilo são bidões de Volts) época do ano em que o Pai Natal anda a saltitar pelas ruas). Ora o brinquedo (diria de tortura) é a maravilhosa Barbie Veterinária / Chefe de cozinha (atenção: qualquer semelhança com a co-autora deste blog não pode ser pura coincidência – é uma conspiração!).
Procuro desesperadamente informação na Internet e encontro algo sobre a flor do mal: “Barbie é a melhor médica que um bichinho poderia ter. Carinhosa e prática, ela examina os cachorrinhos e gatinhos com todo o cuidado. Com estetoscópio, chapas de raio-x e acessórios iguais aos de uma veterinária de verdade, essa boneca não deixa nenhum animalzinho sem atendimento. Com essa doutora, todos os bichinhos passam bem.”
Eles dizem “animalzinho” e pior introduzem o termo “bichinho”!!! Já é duro abraçar de forma ignorante a carreira de Veterinária..mas agora ter que estar a altura da Barbieee?? Oh!! Jamais aguentaremos tal pressão!!! Buaaahhhh…

domingo, 19 de outubro de 2008

Unhacas

A minha avó tem, desde que me lembro, garras em vez de unhas. Nunca me incomodou até ao dia em que ela cravou as ditas no meu braço quando tentou entrar numa escada rolante da estação de metro da Baixa-Chiado. Depois aproveitou a deixa para passar o resto do passeio com elas enfiadas na minha musculatura pouco tonificada. Tinha um ar extasiado e comecei a desconfiar se a minha avó não seria um vampiro mutante que pode deslocar-se durante o dia e que obtém o sangue das vítimas através dos dedos. Um Blade feminino de 87 anos.



No outro dia partiu a unha do dedo médio. Apanhei-a a tentar aparar a unha com a tesoura da cozinha.

- Avó, há uma tesoura própria pra as unhas na casa de banho. Anda comigo que eu mostro-te onde está.
- Obrigada filhinha.
- Já agora aproveitas e cortas as outras também! - disse eu esperançada...
- Ah, não é preciso.
- É, é... (por favor...)
- Não, não.
- É sim senhor! Isso está enorme! Corta lá isso!

Já desesperava, só de pensar no passeio do dia seguinte.

- Olha lá, mas que dia é hoje? - pergunta a minha avó, como se se tratasse de uma questão essencial para o tema de conversa. A verdade é que se revelou ser uma pergunta de extrema importância...
- É dia 26. - respondeu o meu irmão que entretanto se juntou a nós na casa de banho, local onde ocorrem muitas reuniões familiares não premeditadas.
- Não, não. Que dia é hoje? Em que dia estamos?
O meu irmão olhou para mim com uma cara simultaneamente inexpressiva e com mensagens subliminares fraternais, com uma lente de contacto no dedo.
- É sexta-feira - respondi.
- Ora pois! Sexta-feira não é dia de cortar as unhas.

E abandonou a casa de banho para ir ver televisão.

Agora pergunto: face a esta resposta e a esta lógica, que responderiam vocês? É que nenhum de nós conseguiu argumentar.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

domingo, 12 de outubro de 2008

Dieta

Amanhã, as vossas bloguistas vão iniciar um processo de DIETA, que desta vez vai resultar a sério.

Temos neste momento 9 minutos para enfardar todas as gulodices da dispensa!

Ao ataaaaaaaaque!

Curriculum Vitae

Hoje, numa de "é desta que arranjo um emprego, o meu primeiro emprego!", decidi fazer o meu Curriculum Vitae, modelo europeu, claro.

Não sei se foi por não estar inspirada ou se realmente ainda não fiz nada de útil na vida, mas quando acabei de o fazer (em 20 minutos - tempo record, até para alguém com o 9º Ano de escolaridade), constatei que consistia em duas páginas com muitos espaços entre as linhas...

Se eu fosse boss de uma espelunca qualquer e me viesse parar este curriculo às mãos, mandava-o imediatamente para casa de banho, para aqueles dias em que falta o papel higiénico.

sábado, 11 de outubro de 2008

A good hair day

Um dia, quando estava a chegar a casa, estava um dos meus vizinhos da frente, um rapaz da minha idade, a tentar rodar a chave no canhão da porta de entrada. Não é mau jeito dele, aquilo está mesmo estragado (eu culpo o meu barulhento vizinho de cima, o que tem um amigo malcheiroso).

Finalmente consegue abrir a porta e entra no prédio; eu vou seguir os seus passos quando ouço: "Espera!".

Virei-me para a minha direita e vi-o... o mais belo rapaz a correr na minha direcção, longos cabelos ondulados a esvoaçar, sorriso divino e olhos negros e brilhantes... Corria para mim e sorria, tão contente, para mim... Pensei na diferença enorme que faz estar num dia em que o cabelo está realmente bonito, o poder que isso tem sobre os homens, a auto-confiaça que dá a uma mulher! Estendeu a mão...

Estava a escassos passos de mim, pelo que tudo isto demorou uns 3 segundos, mas para mim pareceu muito mais porque via tudo em câmara lenta.

"Espera por mim!" disse ele. Oh meu querido, eu esperei por ti toda a minha vida!

Estava já preparada para lhe pegar na mão mas de repente ela já estava preenchida por outra mão que não era a minha! Tudo começou a decorrer em velocidade normal e o gadalhudo mais bonito que já vi deu uma beijoca repenicada ao meu vizinho da frente e entraram os dois no prédio.

Uma bigorna invisível caiu-me em cima da cabeça, espalmando a minha auto-estima, e a porta fechou-se na minha cara.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Inspiração

Caros leitores,

existe uma questão, quase existencial, que vos preocupa. Uma questão ligada às vossas autoras bloguistas favoritas e elas estão conscientes do vosso dilema.

Bem sei que se perguntam a vocês próprios "onde, mas oh!, onde, vão buscar a inspiração?".

Meus caros, simpatizamos com a vossa agitação intelectual e como tal, aqui vai a resposta, diligente e na hora, para que não sofram mais e também para que se inspirem a construir blogs tão bons ou melhores que este:


Trata-se tão simplesmente de um cachimbo de água e um copinho de licor de maçã. Que tem isto de especial? Ora aqui vai o segredo, estimados leitores, e não precisam de ler qualquer livro: na água do cachimbo acrescentem umas gotinhas de limão e uma quantidade simpática de licor de maçã.

O tabaco deverá ser frutado; se tiver sabor a maçã, este será enaltecido pelo licor, mas poderão também utilizar tabaco com aroma a banana, malancia, menta, pêssego,... que depois terá um cheirinho a maçã, muito agradável. Ou então misturem um pouco de cada tabaco e obterão tutti-frutti.

Pondo tudo de forma muito simples: fumamos álcool.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Desabafo indignado

Acho extremamente injusto estar a chegar à faculdade às 10h e os alunos do ISCSP já terem terminado as aulas e como tal entrarem no autocarro em que acabo de chegar para irem para casa, enquanto eu ainda tenho palpações rectais para fazer até às 13h30, hora pela qual, apesar das bufas com molho que rebentam na minha cara e a caca mole que escorre pelo fato macaco e entra nas minhas galochas, só penso na fome que tenho e em como a aula nunca mais acaba para eu poder ir almoçar.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Geriatric Hatred - Round 2 - Fight!

Hoje foi um dia normalíssimo da minha vida, ou seja, andei de autocarro. Mais precisamente no 758. Era uma hora do dia com poucas pessoas no 758 Cais do Sodré e sentei-me num lugar vazio. Era um lugar qualquer, no meio de outros tantos lugares vazios. Não era reservado a grávidas, senhoras com crianças ao colo, idosos ou deficientes. Era um lugar normalíssimo, num dia normalíssimo.

No Largo do Rato entraram várias pessoas no autocarro. Como é óbvio não me pus a observar cada pessoa que entrava, aliás estava perdida nos meus pensamentos. Mas senti... um olhar... fixo em mim... um olhar carregado de... ódio geriátrico...

Já familiarizada com este tipo de olhar (ler Um dia para me sentir bem comigo mesma) decidi enfrentá-lo com coragem heróica e dirigi um olhar cheio de autoconfiança e poder que dizia "O que é que foi?".

Era um típico velho lisboeta: 1,70m, quase careca mas ainda com uns insistentes e miseráveis cabelos (que deveriam ser brancos mas estão amarelados), nariz hipertrofiado e vermelho, vários dentes perdidos em combate, as orelhas... não vou falar delas. Camisa de riscas verticais cujos botões superiores estão desabotoados exibindo um tufo de pêlos, também amarelados, e de higiene duvidosa. Os botões inferiores mal encaixam na sua casa e fazem um esforço estóico por conter a barriga ascítica que se situa por cima de umas calças velhas e sujas. Nas mãos e às costas, vários sacos de plástico de volume considerável, certamente cheios de objectos completamente inúteis, roupa ou produtos alimentares.

O que se passa com os idosos? Não entendo este ódio dirigido. Queria o meu lugar? Detesto quando eles têm lugares preferidos...

Quando os nossos olhares se trocaram não houve uma medida de forças demorada. O senhor soltou um som peculiar, intrigante até. Uma mistura de grunhido de varrasco com um bufar de gato de rua. Tive medo, e desviei o olhar.

Sou uma cobarde...

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Numa aula sobre gestação em éguas, o professor disse:
- Quando não sabemos quem é o pai, temos situações complicadas.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

WCs internacionais - Parte I


São raras as casas de banho da Tunísia que não possuam uma misteriosa mangueira ao lado da sanita. Esta mangueira causou um enorme desassossego entre o meu grupo de amigos e companheiros de viagem, tendo mesmo gerado uma discussão acesa acerca da função do dito objecto.

O que parecia mais óbvio, para mim e para a minha amiga e colega de quarto Maria, era que a mangueira tivesse como função a higiene íntima da mulher mas como os rapazes acusavam a presença da estranha mangueira nos seus lavabos acabámos por concluir que fosse para lavar o rabiosque após o envio de um fax menos limpo. Depois pôs-se a hipótese do famoso clíster.
Como os autoclismos deste país, que serviu de cenário a famosos filmes como "O Paciente Inglês" e "A Guerra das Estrelas", são muito pouco potentes colocou-se a hipótese de ser um método auxiliar ao mecanismo do autoclismo.
Assim, andámos uns quantos dias com a questão nas nossas cabeças. Não que isto fosse crucial e que estivessemos sempre a pensar nisto, devo esclarecer! Antes porque, como é óbvio, uma pessoa vai várias vezes à casa de banho e, no nosso caso, que andámos de cidade em cidade, deparámo-nos com várias marcas e modalidades de mangueiras-mistério.

À medida que aprendiamos mais sobre o país, a sua cultura e a religião predominante, começámos a acreditar que a função da mangueira era tão-somente lavar os pés. E assim ficámos, convencidos que tinhamos desvendado problema da mangueira.

Para ter a certeza, perguntámos ao motorista do nosso 4x4, mas ele só falava árabe e francês e o nosso francês não foi o sufuciente para expor a questão. Ou então ele não quis responder.

No penúltimo dia da nossa viagem visitámos a bela cidade de Sidi Bou Said. Fomos numa carrinha cheia de outros turistas protugueses e fomos acompanhados por uma guia que falava espanhol. Aproveitámos logo para colocar a questão em palavras portunholas:
- Qué es el tubo que se encuentra en los lavabos?
- Cómo? El flexible?...
- Si...
- Es para... lavar el culo!...

O mistério foi resolvido, finalmente, e com um "Aaaaah!..." geral na carrinha - os outros portugueses também tinham a mesma dúvida...

O guia mudou rápida e estratégicamente de assunto:
- En Tunis los taxis son amarillos!...

Nota da autora: esquecemo-nos de tirar uma fotografia ao dito "flexible" pelo que adicionei uma fotografia que encontrei na Internet - nunca estive nesta casa de banho nem numa parecida.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Uma pessoa que diz um teni e uma calça é uma pessoa singular.

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Histórias de sempre e histórias de agora

Jantar de família, sem homens. Três gerações. Eu. Mãe. Avó.

Eu contava uma escandalosa cena do dia-a-dia: um Lulu da Pomerânea (bem tosquiado por acaso - e ainda bem, permitam-me dizer) por quem passo todos os dias olha para mim com um ar tipo parvo. Deve ser por nos cruzarmos sempre no momento em que ele está a fazer um cocozito mole na árvore do costume (e daí a importância da boa tosquia). Nos momentos finais do nosso encontro diário, quando passo mesmo ao lado dele tenho de conter, com força sobre-humana, a vontade de lhe dar um pontapé.

E com esta deixa, a minha avozinha de 84 anos, que adoro, não perde tempo e começa a contar uma história que nunca tem final e que já ouvimos pelo menos 31455 vezes:
- Ai eu tinha tantos cães em casa do meu pai, oh Marianinha... Olha, era: o Piloto,... a Malhada,...
- A Jóia...
- A Jóia, e... era outra que não me lembra...
- Ruca.
- Nãaao...
- Médis?
- Não. Ai a Jóia... foi a primeira palavra que eu disse, foi dar nome à cadela... Jóia!...
- Whirlpool?
- Ãh?... Pu?
- Hehe...
- Ai a Jóiínha... Os filhos dela nasceram ao mesmo tempo que a minha mãe me deu luz a mim!...
- Muesli!
- Não...

Entretanto a minha mãe (que lê este blog - adoro-te mãezinha) engasga-se com a maçã e termina a conversa. Com pena minha e da minha avó: eu estou a ter o momento picardo do dia e ela, mais um vez, fica sem se lembar do nome do outro cão.

Sempre tive curiosidade em saber como chamavam à cadela antes da minha avó nascer e começar a falar... Um dia hei de perguntar; um dia que não tenha nada para fazer durante 4 horas e já esteja farta do repertório pouco vasto de histórias da minha avozinha linda.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Tv - Uma Verdadeira Enciclopédia


Diz que é quase o final de 5 longos anos a utilizar a expressão: "Eu hoje já disse que odeio isto?"...
Na tentativa de levar uma restia de sanidade mental até ao dia da libertação final vou, juntamente com amigas/amigos da tortura, correndo as bibliotecas e cantos afins dessa cidade: Universidade de Letras é sem duvida a preferida (a minha progenitora acha que se deve a uma pequena frustação por não frequentar a mesma, quem sabe...).Os dias vão passando nessa nobre biblioteca entre as sonecas, o sol das pirâmides, as visitas inesperadas de amigos, o radarizar de situações, o geladinho da época e as gargalhadas do desespero...(conseguisse eu manter a concentração por mais de 10 minutos!!!).
Já frequentamos o Aqua Roma, O Alvaláxia, O IST, O Tagus Park, Monsanto, O Ben and Jerry do Chiado, O Orgânico... e tudo e tudo e tudo... Recentemente descobrimos a biblioteca da FMUL (cof cof) e é boazita...pelo menos eu gosto bastante daquela máquina do café...é jeitosa...dá trocos, colher..não sabe a esturro...
Depois do choque inicial que foi não poder respirar (sem ser punido pelos estudantes autócnes), ainda por ali passei umas noites! O grande problema é que é impossivel estudar Veterinária sem fazer uma de duas coisas: desatar num pranto incoersível ou rir até sentir necessidade de usar Tenna Lady!
Para quem não acredita deixo uma mostra poética (parte integrante da bibliografia de Inspecção Sanitária II):
"O meio hidrico, é, simultaneamente, por assim dizer, a estrada, o caminho secundário, o meio de comunicação, o infantário, o pátio de recreio, a escola, o quarto, o leito, a mesa, a instalação sanitária, a enfermaria e a sepultura do peixe." (Será que sai em exame?)
Ora os futuros médicos deste país são muito muito sérios e cada vez que na minha mesa se esboçava um sorriso pré-gargalhada havia uma tensão agressiva no ar.... os seus olhos reviravam, ouvia-se um chiuuu e euzinha completamente inibida pois claro. A culpa não é deles, aliás invejo qualquer ser que consegue desligar o radar e concentrar-se por mais de 15 min ignorando estimulos exteriores...
Numa das conversas cientificas que tive com a minha companheira de mesa o tema foi o seguinte:
"Nitroglicerina? Ela não sabia o que era...diz que são uns adesivos!"
"Não sabe? É um vasodilatador, ora! Aquilo dá em todos os filmes!!! Eu vi no "Somethings gotta give" que não se pode inclusivamente usar com Viagra!"...
"Pois..."
Mais uns minutos de estudo (não) intensivo e de volta à conversa:
"Sabes o que é a Doença de Crohn?"
"Sei pois... É uma doença inflamatória do intestino que blá blá blá...vi no Tyra Show!
"Pahhhhhh ahahahha ahahah, será que não aprendemos nada nos livros? nas sebentas?"
Um olhar matador chegou da mesa do lado em nossa direcção - os senhores doutores queriam estudar e... na minha opinião, certamente não têm tempo para ver esses shows televisivos didácticos! Mas ... acho que teriam mais tempo para sair se largassem o Internal Medicine e vissem Tv - essa grande Enciclopédia!
Para celebrar o 50º Pensamento, nada mais apropriado que um Verdadeiro Pensamento das 2h47:

Dá Deus nozes a quem não tem dentes;
Mas também há quem tenha dentes e não tenha nozes.
O pior é quando não se tem dentes nem nozes.
Feliz de quem tem nozes e dentes.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

No 7º ano tive uma professora de Português que trocava os "L" pelos "G". Todos os dias gritava várias vezes:
- Caguem-se! Caguem-se todos!

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Em tom de desabafo

FMV: feira das vaidades, teatro mal encenado... "Lembranças à mamã!" "Gravata ao papá!"
FARTA: O melhor ano? Erasmus muito muito longe!
Explode FMV!!!!

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Piadinha veterinária

Estava eu a lavar as instalações reais do meu porquinho-da-índia (PI) na banheira, quando sua realeza decide fazer um cocozito no chão da casa de banho.
Entretanto, o meu irmão, que precisava de fazer um xixi antes de ir para uma festa de arromba, entrou na casa de banho e comentou:
- Esse porco já fez um cocó no chão.
- Uma pelota dura. - corrigi eu.
- Olha, eu é que vou fazer uma pelota mole! - brincou ele, na sua ignorância.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Boleia

Soltaram no passado dia 18 de Junho a máquina mais mortífera jamais concebida pelo Homem, neste caso um certo homem e uma certa mulher a quem carinhosamente chamo "pais". Pois é, aconteceu - passei no exame de condução e estou legalmente autorizada a conduzir um automóvel na via pública, para grande desgosto dos peões.

Depois de passar o exame, é natural que se olhe para trás com carinho, recordando as aulas mais marcantes. Se bem que existem algumas aulas que não queremos recordar e se o fazemos, certamente não será com carinho. A pior aula de condução que tive, a 10ª, foi quando tentei descer a Rua do Conde de Redondo em hora de ponta. Pára-arranca numa rua de inclinação acentuada é complicado para uma pessoa inexperiente que só andou nas belas e seguras planícies de Chelas. Não só ia batendo várias vezes no carro da frente como fiquei parada no meio de um cruzamento com toda a gente a apitar impacientemente... Devo aqui salientar que foi o instrutor que mandou avançar... Como banda sonora tinha a pior música de todos os tempos: "Trapped in the closet" de R. Kelly... Bom, não sei se era esta música, mas são todas iguais; o que interessa é o tipo de ambiente que se gerava no carro.

Mais ou menos a meio da infidável rua já me tinha habituado à ideia do pára-arranca; na verdade estava a tornar-se aborrecido, especialmente considerando que já tinha passado metade da aula e eu ainda não tinha usado a 3ª. Para animar as coisas, o Sr. Correia, o instrutor, teve um ataque de catarro e teve de abrir a janela para cuspir uma substância semi-sólida. Ao virar a cabeça para não ser testemunha ocular deste acto asqueroso fixei o olhar no retrovisor lateral do carro da frente onde um senhor tirava um macaco do nariz (e esse dito macaco devia estar na traqueia porque o dedo estava totalmente enfiado na narina). Depois atirou o macaco pela janela com um golpe de polegar e acertou, com uma precisão treinada, no vidro da janela do carro ao lado.

- Hoje cortei o cabelo! - disse o Sr. Correia, sorrindo e mostrando os quatro dentes que lhe restavam. Acho que era suposto eu ter reparado no novo corte, mas é difícil quando uma pessoa já é quase careca.
-Já me estava a fazer comichão nas orelhas - continuou.
Se tirasse os pêlos dos ouvidos que brotam como bolas de algodão teria muito mais efeito, mas isto é a minha opinião, que decidi não partilhar com ele.

Passados 20 minutos estávamos num bairro social da Bela Vista e à porta da próxima aluna do Sr. Correia. A moça não teve qualquer problema em pedir emprestado o telemóvel do Sr Correia:
- Oh Sr. Correia, empreste-me aí o tlemeóvel, se faz favor.
- O telemóvel? Para quê?
- É que a minha filha esta a tentar ligar-me mas não tem saldo e eu também não.
- Está bem... toma lá...
Entretanto passámos pela casa de mais duas alunas e o carro ficou cheio. Não estava particularmente atenta à conversa da moça nº1 mas de repente ela começou ao berros:
- Eu mato-te! Olha que vou aí e parto-te a cara toda! O quê? O QUÊ? Ahhhhhh, vais ficar sem dentes! Seu filho da mãe! Racho-te ao meio! Ahhhhh, 'tás lixado! Eu vou matar-te!
Pois claro que no meio desta gritaria e algazarra no bandco de trás, a minha concentração dispersou-se e ia chocando com o carro da frente. A moça nº1 não estava à espera de uma travagem bruta e saiu disparada para a frente (acho que não tinha cinto de segurança). Teria batido com a cabeça na minha cadeira se a moça nº2 não tivesse reflexos rápidos e tivesse puxado a moça nº1 pelo rabo de cavalo, impedindo que ela se magoasse.
- F***-**!!!
Silêncio absoluto no carro. Afinal quem ia morrer era eu e não o interlocutor da moça nº1.
- Ai desculpe, Sr Correia! Saiu-me! - disse a moça nº1 rindo.
Algo bipolar a moça nº1... Ao menos a travagem pôs fim à conversa desconcertante que estava a por toda a gente inconfortável.
A moça nº3 saiu numa rua qualquer para ir buscar o filho à escola. O banco de trás ficou mais espaçado e a moça nº2 chegou-se pronta e aliviadamente para o lado da janela.
- Olha lá, gostas de karaoke? - perguntou a moça nº1 à moça nº2, com um tom um pouco bruto.
A moça nº2 não respondeu... o seu olhar mostrava pânico... qual era resposta certa?
- É que eu gosto. E muito! Por isso vê lá!
- Ah, sim, gosto.
- Ya, é bué de fixe!
Acho que toda a gente sentiu alívio quando a conversa acabou por ali.

- Queres ir para casa ou para a escola, Mariana? Eu já estou um pouco atrasado - disse o Sr. Correia.
Ora, não seja por isso! Eu acelero o passo!
- Quero ir para casa.
E em 7 minutos cheguei a casa com comentários preocupados:
- Mais devagar, filha! Controla a máquina, Mariana! Depressa e bem não há quem, é ou não é?
- É uma grande verdade - respondi, mas nesse momento não me interessava o bem, só me interessava o depressa.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

A sede mata, logo há que matar a sede.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Saúde Pública - Certificado de Simpatia e Qualidade

Há dias em que, por intervenção quase divina, nos conseguimos cruzar com as pessoas mais doces, felizes e meigas que existem no planeta :)
Um dos hospitais públicos foi o cenário, a admnistrativa da função pública a detentora do papel principal...
Para mim, as salas de espera dos locais públicos são decididamente uns dos lugares mais apeteciveis para "radarizar" comportamentos e opiniões! Nesse dia completamente mal humurada e desgrenhada, o meu radar estava em manutenção...mas impossível não ouvir a conversa da administrativa:
"Sr Abílio! Atão mais conformado??? Vá lá habitue-se à ideia! Um dia todos MORREMOS! Não é para isso que cá andamos??? Ninguém fica cá para a semente! Sorria homem!"
Olho na direcção da conversa e ... íncrédula vejo um senhor na casa dos 70 anos, de bengala, curvado na direcção do chão, de mãos trémulas e triste:
"Sim...quer dizer ainda nao me habituei..."
"OH Ôme! Por favor resigne-se isto do cancro toca a todos!"
"Pois Pois..."
Depois de alguns minutos indecisa sobre o facto de estar mesmo a assistir a tamanha simpatia e afecto ou de ainda estar a sonhar um sonho de péssimo gosto, cheguei a conclusão que tinha sido diagnosticado ao senhor em questão um melanoma! (Simplesmente o cancro de pele mais grave que pode ser diagnosticado a uma pessoa e era suposto o senhor estar animado a deitar foguetes...não?).
14 minutos... o tempo que a madame aguentou antes de lançar outra onda de calor humano, boa vontade:
"Mas quem é que paga uma consulta de 2 euros e 10 centimos com 20 euros?"
"Quem? qualquer pessoa que vá antes de chegar ao multibanco!"
"Ai filha, havia de ser na Oftalmologia! Pegavas nas tuas perninhas e ias trocar ao café da esquina!"
Ora a senhora não era muito de se ficar, aliás tinha porte de pertencer a uma familia brazonada (mas duvido, porque se o fosse certamente estaria num consultório de um qualquer Doutour EU TENHO TANTOS NOMES QUE NEM CABEM NO CARTÂO DE VISITAS)
"Olhe desculpe lá faça aquilo para que lhe pagam e deixe de ser mal educada!"
Acreditei que isto chegasse para acalmar a administrativa, mas o golpe final chegou quando alguém pediu para levantar uma biópsia:
"AIII, oiçam lá (tom esganiçado e estridente) há mais alguém aqui que precise de levantar exames? Não estou para me levantar e sentar, levantar e sentar da cadeira...!"
Silencio geral...Neste ponto hibernei...tinha já os receptores da irritação totalmente desrregulados e sobrecarregados!!!
Depois de 3 horas e 52 minutos à espera lá entrei para o gabinete onde em 3 minutos e 25 segundos algém me conseguiu desmoralizar...mas isso são conversas para outro post!

domingo, 25 de maio de 2008

Dúvida existencial

"Ahhh!!! Então o hidrogénio é o oxigénio mergulhado em água????"

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Animal Hospital - versão portuguesa

No Hospital existe uma hierarquia estabelecida que dificilmente será alguma vez abalada.
Em primeiro lugar, no topo da cadeia alimentar, estão os Médicos Veterinários (MV). São seguidos pelas Auxiliares, que podem tratar por "tu" o MV e têm poder sobre ditador sobre os Estagiários, seres inferiores sem autorização para tirar sangue. Depois, vêem os Pacientes, leia-se Cãozinho e Gatinho, e depois destes os estudantes.

As funções dos estudantes são de extrema importância e não restam dúvidas do quão impriscindíveis são para o correcto funcionamento do Hospital:

1 - A principal e mais importnate função do estudante é olhar a parede. Olhar a parede é subvalorizado em outras instituções de ensino pois é precisamente por olhar durante horas para as paredes que estas se encontram com rachas e infiltrações, apesar da tenra idade das instalações.

2 - As funções secundárias dos estudantes não devem ser menosprezadas, porque são elas que no fundo permitem que o funcionamento do Hospital decorra dentro da normalidade:
  • ir à máquina tirar um café para o MV. Esta é uma tarefa que exige concentração e leitura óptica (literalmente a olho e sem auxílio de aparelhos) do nível de insulina dos MV. O estudante deve saber, ao olhar para o MV, se ele é ou não diabético porque se colocar aç'ucar no café pode ser acusado de homicídio em 1º grau.
  • ir buscar análises. Ninguém no seu perfeito estado de saúde mental se atreve a ir buscar as análises ao laboratório, pois é facto, e não lenda, que muitas pessoas não voltaram depois de uma incursão ao dito laboratório. No laboratório de análises existem mulheres de aparência perfeitamente inocente que, se lhes fizerem A Pergunta, se tranformam em monstros de três cabeças, com dentes afiados e 16 membros com ventosas! A Pergunta, vou escrevê-la aqui para o caso de alguém ter de ir buscar alguma análise, é: "As análises do (nome do Paciente) estão prontas?".
  • ir passear os Cães. É de longe a melhor tarefa que o estudante tem para fazer. Não é perigosa, na maioria das vezes, e exige movimentação (o que é conveniente que ocorra algures entre as 5h de turno no hospital). Claro que não é didática, mas tem o seu quê de dificuldade: é preciso ter cuidado com os sistemas de soro, não vá o Cão tropeçar.
A boa notícia é que o estudante passa directamente a Estagiário (não tem que ser Paciente) e depois pode passar directamente para MV sem parar na função de Auxiliar. Uma vez MV tudo lhe correrá de feição, a não ser que seja diabético e lhe dêem um café com açúcar.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Que caras são essas? Sono ou vontade de enfiar este quimioterápico directamente na veia?

terça-feira, 29 de abril de 2008

Aromas das 7 Colinas

Devia ser proibido as pessoas cheirarem mal. Especialmente aquelas que andam de transportes públicos. É inadmissível que às 8h da manhã haja pessoas mal-cheirosas nos autocarros e no metro, porque a estas horas indecentes para se estar acordado as viaturas públicas vão sobrelotadas e têm muito mais utentes do que os previstos "33 passageiros em pé".
Como as ruas de Lisboa ganharam o Guiness na categoria de "buracos em alcatrão" é impreterível que os utentes se agarrem aos varões horizontais colocados acima do nível da cabeça. E é assim que se começa a propagar o odor desagradável e nauseabundo que sobe pelas narinas de pessoas como eu, que vão inocentemente (de banho tomado) a dormitar no autocarro e que acordam bruscamente, como se lhes tivessem espetado um picador de gelo na virilha. Para ajudar há sempre um tipo com um bafo matinal a álcool recozido que vai colado a nós.
Claro que nada disto é comparável com a essência tóxica que emana dos trabalhadores, estudantes, desempregados, pedintes e outros indefinidos lisboetas no regresso a casa. Já não é só o sovaco ácido e o hálito mortal que nos corroem a mucosa nasal! A roupa já sofreu processos químicos ao contactar com o suor e o cabelo já seboso de algumas pessoas mais descuidadas com a higiene pessoal liberta, com os movimentos da cabeça, brisas de frigideira usada há dois dias num jantar de famíla. Concentro-me nestes cheiros para ignorar os ténis do rapaz a meio metro de mim que, mesmo calçados, libertam um cheiro de fazer vomitar as tripas. Para alegrar a festa alguns engraçadinhos ainda soltam umas bufas podres.
Se pensava que, ao sair do metro aos empurrões e cotoveladas (sempre com um lenço na cara), me tinha livrado deste purgatório e podia finalmente descansar o meu aparelho respiratório, enganei-me redondamente. O amigo suspeito e fedorento do meu delinquente vizinho de cima estava sentado nas escadas do meu prédio. Por ter 16 anos, a mãe do fedelho mal-criado nem sempre o deixa sair mas isto não desmotiva o seu amigo, o texugo humanóide, que fica à sua espera o tempo que for preciso (o que pode levar horas). Enquanto espera vai impregnando a madeira das escadas e os tapetes das entradas com o aroma da sovaqueira mal lavada. Ou, provavelmente, não lavada de todo.
O martírio termina quando finalmente entro em casa. Pelo menos até descalçar os ténis.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Tenho um professor que aplica uma determinada frase a todas as doenças que tem o prazer de leccionar. Por exemplo:
- A Língua Azul é, na realidade, uma doença muito séria.
Como se alguma doença fosse para rir. Mas ele gosta de frisar este aspecto das patologias que afectam os nossos animais. As dos humanos são de certeza mais divertidas.

Relatório de uma aula de Reprodução

Hoje em dia existem cerca de 100 touros no mundo desenvolvido. Estes são touros topo de gama são, todos os anos, requisitados para um sessão fotográfica a fim de poderem constar numa revista como, por exemplo, o "Catálogo Rural" ou o "Catálogo de Reprodutores"; um género Ragazza Bovina para vacas. Toda a informação que queiram saber sobre o touro está discriminada: peso, altura, cor da pelagem, características dos cornos, filiação, parâmetros produtivos e reprodutivos, etc., acompanhado da referida fotografia, claro.
Cabe ao produtor de uma exploração bovina escolher o melhor touro tendo em conta o que quer melhorar nas suas vacas e a elasticidade do seu bolso...

Ora, como é que 100 touros conseguem engravidar milhares e milhares de vacas todos os anos? Nada mais simples do que um banco de esperma bovino especializado! Na verdade são chamados Centros de Inseminação Artificial e são constituídos por um grupo de elite de touros cujo sémen é recolhido, avaliado, testado, sexado e, na maioria das vezes, congelado.
Não são permitidas vacas nestes centros, como devem imaginar!... Então como se procede à recolha do sémen? Certamente nenhum homem com perfeita saúde mental se atreve a ir recolhê-lo com um copinho... E sem vacas, como é que estes animais com mais de meia tonelada e mau humor nos fornecem o produto cobiçado?
Ora, ninguém nasce ensinado e é por isso que tem de haver um treino prévio, que consiste em ensinar os touros a ejacular no manequim. Esse treino consiste em saltar um touro estrogenizado (isto é, ao qual foram administradas hormonas femininas); os touros mais inexperientes (virgens) devem assistir a estes saltos. Pura pornografia bovina... homossexual... ao vivo! E continuam a insistir que os veterinários são amigos dos animais...
Observem na figura seguinte um treino; as setas indicam touros que assistem ao treino para aprender.


Depois destes treinos em manequins vivos, o touro experiente passa a utilizar um manequim artificial onde descarrega a sua líbido duas vezes por semana. Após o serviço, o touro afasta-se e é possível observar um homem correr para recolher o precioso fluido (precioso porque vale umas centenas de euros). Um trabalho arriscado com muita adrenalina a correr no sistema circulatório...



Há quem se oponha a estes métodos ditos... pouco humanos... São gastos, nos dias que correm, milhares de euros em conferências internacionais sobre o bem estar animal, sendo um dos mais discutidos o tema da imaculada concepção! É com grande preocupação que os grandes cientistas discutam se será ético uma vaca nunca ver um touro à sua frente e nunca ser montada por ele. O cerne da questão é: como é o estado emocional da vaca após parir um vitelo? É que pensando bem, a coitada não conhece outra coisa que não vacas e de repente sai-lhe um tipo indefeso pela retaguarda!

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Prefiro estar 4h a fazer palpação rectal em vacas com diarreia e flatulência do que 20min no hospital de animais de companhia.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Quando dizem palavrões, não é para nós

Eu já estava atrasada para uma aula no conservatório e quando isto acontece parece que as pessoas fazem de propósito para não passar nem deixar passar. Na Rua da Rosa havia mais trânsito que o costume e tive que subir a rua pelo passeio. De um lado da rua uma velhota andava devagar, do outro um miúdo inconsciente do perigo dos carros saltitava de um lado parao outro. Escolhi o lado da velhota, não sei porquê... Estava a tentar ultrapassá-la mas os carros passavam a uma velocidade superior à permitida nos limites da cidade e apenas me conseguia manter junto à senhora, atrás dela. Ela começou a gritar:
- Passa lá, vá! Fod@-se, c@ralho, put@ que o pariu! Passa lá, passa lá!
E depois encostou-se para eu passar, mas eu estava petrificada.
- Ah, desculpa filha! Pensei que fosses o meu neto!
Acho que sorri (não tenho a certeza) e passei. A senhora ainda gritou:
- Vai com Deus, filha! Vai com Deus!


domingo, 30 de março de 2008

terça-feira, 4 de março de 2008

Para filhos cujas mães têm 33 anos ou mais

No outro dia, o ano passado, estava a estudar com a Susy em minha casa. Entretanto chegou a minha mãe:
- Olá meninas! Que fazem? Ai, acabo de chegar da explicação! Correu bem. O meu aluno vai ter teste amanhã e estava muito nervoso. Ai! Estou estafada! Acho que vou ler um bocadinho antes de fazer o jantar. Isso é só estudo? Está a correr bem? Muito bem, muito bem!

É incrível como ela consegue construir um diálogo sozinha.

E o estudo continuou... A Susy lia os slides da aula sobre Insuficiência Cardíaca Esquerda e amaldiçoava o coração. Eu reparava na forma aerodinâmica do afia-lápis.

De longe ouvimos: AAAAAAAAAAAAAAAAACHTUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUM

Ouviu-se no autocarro que saía da paragem mais próxima de casa.

- Isto foi um espirro? - perguntou a minha amiga.
- Sim.
- A minha mãe também espirra assim.
- É do 25 de Abril.

domingo, 2 de março de 2008

A pérola do Macdonalds

Os estrangeirismos provocam sempre algum desconforto no seio da classe sábia portuguesa.
Os idosos enrolam sempre a lingua, por mais ginasticada que esteja, um número de vezes superior ao necessário quando se trata de pronunciar as palavras importadas.
A titulo exemplificativo, tenho um familiar que adora os carros da "Volsevajen" (diz que têm os melhores motores, deixando de parte outros "hits" da engenharia mecânica).
Na área alimentar, a avó de uma colaboradora minha, janta de longe a longe no "Pato Donald" um hamburguer "gooossstouuuso". Mas este conceituado restaurante de fast-food é possuidor de inumeras alcunhas carinhosas....Ainda hoje numa das minhas incursões pela cidade ouvi um simpático peão alertar o outro:
"O Hospital ainda não é aqui senhora!!! Há que passar primeiro pelo Mike Donalds!!".
"Muito obrigada amigo."
Acho que foi por este motivo que surgiram as respeitadas Universidades da Terceira Idade...

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Um dia para me sentir bem comigo mesma

Depois de chegar uma hora atrasada ao exame oral de Clínica e Patologia das Doenças Infecciosas I e depois de o professor me perguntar a subida e descida do Estatuto Sanitário das explorações europeias relativamente à Brucelose (ao que respondi "Desisto, professor" - já bem basta estar potencialmente infectada com a bicheza por comer queijo fresco, não precisam de me fazer perguntas destas), decidi ir para casa.

Apanhei invariavelmente o 723 Desterro ainda a pensar porque raio me calhou a bola nº 3; fui a última pessoa a tirar a bola da urna (claro, tinha chegado atrasada porque não encontrava a sala de exame...) e a cada bola que os meus colegas tiravam eu rezava para que fosse a bola da Brucelose... alguém tinha de ficar com a prova da Brucelose! Quando chegou a minha vez restavam três bolas e calhou-me a nº 3. Obviamente.

No Marquês de Pombal a quase totalidade dos jovens saiu do autocarro para apanhar outro transporte da mesma categoria ou o metro, para depois apanhar outro autocarro e quiçá o comboio.

Restei eu como representante da juventude lisboeta no 723 Desterro; não havia pessoas de meia idade, apenas velhotes. Iniciou-se uma conversa com um final infeliz (para os lados da narradora):
"Está a ver este joelho?!" - guinchou uma velhota de metro e meio com várias ligaduras feiosas à volta do joelho. Bem podiam usar Vetrap que sempre é mais divertido.
O interlocutor da senhora era o marido desgastado e grisalho de uma senhora enrugada de cabelos de cor indefinida.
"Isto foram os estudantes que me empurram quando estava a entrar no autocarro!"
Logo os estudantes, pensei... há imensos jovens delinquentes, mas quem a empurrou foram estudantes... Vejam lá se ela se queixou quando o autocarro estava cheio desses belos espécimens da sociedade? Pois, fez uma espera e encurralou o único exemplar dessa subvalorizada categoria.
Senti vários olhares virados para mim.
"Empurraram-me e eu caí! E nem me ajudaram a levantar, os fedelhos!"
Olhares de profunda indignação na minha direcção, como se tivesse sido eu mesma a empurrar a senhora.
"Nem me ajudaram a levantar e fugiram na galhofa!"
Comecei a ter medo daqueles olhares...
"Estudantes! Não sei o que estudam hoje em dia! Não têm respeito nenhum!"
Ondas de puro ódio geriátrico batiam na minha cara como estaladas. Todo o autocarro olhava para mim como se fosse uma neo-nazi.

Não aguentei a pressão dos olhares e saí numa paragem que não era a minha.

Animal Hospital

Os meus amigos gostam de partilhar comigo as suas experiências particulares, o que eu acho excelente. Só não acho excelente quando a conversa começa com "Sabes aquela série que dá na Sic Mulher, num hospital veterinário?". Quando a conversa começa assim, é possível visualizar fumo a sair dos meus meatos acústicos externos, mas é preciso ter alguma atenção, porque normalmente o cabelo disfarça este fenómeno que tão bem caracteriza o meu estado de espírito quando ouço esta frase pela vigésima quinta vez na semana.
"Sabes aquela série que dá na Sic Mulher, Animal Hospital?"
"Sim, mas não vejo."
"Ohh, porquê? É tão gira!"
"Porque o meu dia-a-dia é exactamente aquilo que vês, por isso quando chego a casa não quero ver mais; quero ver séries fictícias ou estupidificantes. Qualquer coisa que não tenha a ver com veterinária."
"Ahh..."
E com isto penso ter posto um ponto final à conversa. Mas não...
"É que no outro dia foi tão engraçado, porque tratava-se de uma iguana que tinha engolido uma pedra enorme, via-se ao raio X e tudo! Sabes porquê?"
"Porque tinha falta de minerais."
"Sim! Foi isso que o veterinário disse! Viste esse episódio então!"
"Não, não vi..."
Era uma dica, mas pelos vistos foi demasiado subtil...
"E então o veterinário deu-lhe uma coisa na boca com uma seringa..."
"Parafina."
"Sim, exacto! E depois a pedra saiu..."
"No cocó, eu sei."
"Pois! Como é que sabes?"

Quando estiverem com um estudante de veterinária NÃO perguntem se conhece "aquela série que dá na Sic Mulher, Animal Hospital". É a mesma coisa que perguntar a um estudante de Medicina se já escolheu a especialidade (isto é uma dica...).

domingo, 17 de fevereiro de 2008

O prazer de estudar (com cheirinho a limão)

Tenho uma amiga que descobriu um novo local para estudar. Ela diz que já não consegue ir à biblioteca e em casa distrai-se...
Ela fala comigo e diz: "Este local é muito fixe!!! Fora o cheiro a esgoto, as baratas e o som do aspirador, estuda-se lá muito bem!".
Ela até costuma ser exigente, mas acho que o prazer de estudar é bem maior....

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Aos donos de gatas

Quem tem gatas sabe que quando chega a altura do cio começa um verdadeiro pesadelo - as gatas ficam doidonas, histéricas, chatas, ninfomaníacas, para não mensionar os xixis de odor poderoso em locais indesejados...

Não desesperem caros amigos! De alguma coisa serve o meu adorado curso - posso ajudar-vos.

As gatas não descansam (nem nos deixam descansar) enquanto não ovularem. Para que tal fenómeno ocorra têm de ser estimuladas por um macho. À falta de macho, ou se não querem que a vossa gata fique prenhe, apresento-vos a solução: vocês próprios podem estimular a ovulação da gata. Basta enfiar um cotonete no respectivo local, substituindo o gato. Podem também utilizar canetas Bic. As canetas Parker e Pelikan não têm um efeito tão satisfatório.

Serão abençoados com 15 dias de pura bonança porque após este divinal período de paz a vossa gata apercebe-se de que foi enganada e recomeça a demonstrar a sua luxúria. Podem repetir o processo até que acabe o período reprodutivo.

Ou simplesmete esterilizem a gata - os resultados são brilhantes e definitivamente duradouros e não têm de andar atrás da gata de quinze em quinze dias, quatro vezes por ano.

Boa sorte,
a vossa amiga, futura Sr.ª Veterinária.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Comentário a um blog

Tive o prazer de ler num blog (http://tulipaseperolas.blogs.sapo.pt/19940.html) o texto mais fofinho acerca dos veterinários! Mesmo fofinho. Mas tão idealisticamente errado...

Lamento desiludir-te, mas os animais não olharão para ti com profunda e verdadeira gratidão.
A próxima vez que te virem fogem ou atacam-te pois apenas te recordarão como aquela que lhes espetou a agulha, aquela que cortou demasiado as unhas, a que os cortou ao meio, a que os separou dos donos, a que lhes enfiou uma coisa pelo traseiro acima... Não te iludas, cara colega; nós só fazemos maldades aos bichos...

Indignação

A nossa amada Ministra da Educação aprendeu uma palavra nova: "conforto". E não se cansa de a usar! Fala em conforto da situação e do conforto da educação... numa tentativa de apaziguar os revoltados manifestantes de hoje à tarde!

Como sabem é seu objectivo exterminar o Ensino Supletivo ou seja EXTINGUIR OS CANTORES. Mas isso não a impediu de ir assistir a um memorável concerto da Cecilia Bartoli na Gulbenkian (cuja direcção assinou unanimemente a petiçao Contra o Fim do Ensino Especializado da Música em Portugal).
A senhora foi sem vergonha assistir à performance de uma cantora lírica!
Realmente a próstata é um orgão que não me faz falta nenhuma...

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Homo sapiens sapiens


Somos apenas humanos. E já é muito.

A posição erecta do Homem é o que o separa à primeira vista do resto do mundo animal. Toda a dignidade do Homem reside no facto de se locomover utilizando apenas os membros inferiores. É por isso que é quase impossível não soltar pelo menos um sorrisinho quando alguém cai.

É natureza humana procurar o transcendente e atingi-lo. A nossa mente é mais poderosa que uma bomba nuclear. Tomemos o exemplo da matemática - é pontífice máximo da inteligência humana, é pura, é perfeita. Chega mesmo a transcender muitas mentes humanas.

Mas, por outro lado, existe em cada um de nós um poderoso macaco. Por mais evoluído que o nosso intelecto seja, por mais limpa que a nossa alma esteja, há sempre a parte fisilógica da nossa máquina de sobrevivência - o corpo.

Corpo esse já tanto estudado com as nossas gloriosas 1.350 gramas de cérebro mas que ainda assim nos consegue surpreender com um fenómeno qualquer não tão evidente ao olho nu, deixando um trilho de pistas moleculares que nós seguimos alegremente e nos leva a uma porta que se abre num recreio infinito para o nosso intelecto.
A máquina, ao mesmo tempo que nos fascina, prende-nos e envergonha-nos. Porque mesmo a mais poderosa das mentes não consegue controlar necessidades corporais, básicas, iguais às dos outros seres filogenética, intelectual e espiritualmente inferiores.
Quantas ideias brilhantes se terão formado, quantas decisões importantes da História da Humanidade se terão tomado na latrina? Já diz, e muito bem, o povo há muitos séculos:

Caga o Rei,
Caga o Papa.
Sem cagar
Ninguém escapa.