
No outro dia partiu a unha do dedo médio. Apanhei-a a tentar aparar a unha com a tesoura da cozinha.
- Avó, há uma tesoura própria pra as unhas na casa de banho. Anda comigo que eu mostro-te onde está.
- Obrigada filhinha.
- Já agora aproveitas e cortas as outras também! - disse eu esperançada...
- Ah, não é preciso.
- É, é... (por favor...)
- Não, não.
- É sim senhor! Isso está enorme! Corta lá isso!
Já desesperava, só de pensar no passeio do dia seguinte.
- Olha lá, mas que dia é hoje? - pergunta a minha avó, como se se tratasse de uma questão essencial para o tema de conversa. A verdade é que se revelou ser uma pergunta de extrema importância...
- É dia 26. - respondeu o meu irmão que entretanto se juntou a nós na casa de banho, local onde ocorrem muitas reuniões familiares não premeditadas.
- Não, não. Que dia é hoje? Em que dia estamos?
O meu irmão olhou para mim com uma cara simultaneamente inexpressiva e com mensagens subliminares fraternais, com uma lente de contacto no dedo.
- É sexta-feira - respondi.
- Ora pois! Sexta-feira não é dia de cortar as unhas.
E abandonou a casa de banho para ir ver televisão.
Agora pergunto: face a esta resposta e a esta lógica, que responderiam vocês? É que nenhum de nós conseguiu argumentar.
2 comentários:
Ela não tem 87 anos? Come on, no tempo dela havia dias específicos para cada coisa! Não era o banho que era só ao domingo e de 15 em 15 dias?
É claro que sexta-feira não é um bom dia para cortes de unhas! É muito simples: à sexta-feira as manicures com cursos em unhas de gel estão no cabeleireiro a tratar das perucas. Logo sexta-feira não é dia de nails art! Yap, a tua avó é uma mulher dos novos tempos, sempre demasiado à frente! Unhas de gel um negócio de futuro!
Enviar um comentário