quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Comer um Ferrero Rocher


Comer um Ferrero Rocher é uma arte que nem todos sabem apreciar. Para desfrutar verdadeiramente este singular bombom uma pessoa deve estar no conforto e intimidade do seu lar, pois comê-lo em público é considerado na sociedade ocidental um acto pouco fino, ou como muitos dizem hoje em dia, "um nojo". Excepto em Itália, onde já nascem a saber comer um Ferrero Rocher.

É que comer um Ferrero Rocher, apreciando-o como um perito, implica comer o bombom às camadas.

Assim, primeiro trinca-se a cobertura de chocolate e avelã aos bocadinhos, com o cuidado de não partir a delicada bolacha wafer que está por baixo. Nesta etapa caem muitas milgalhas de chocolate-avelã e é para isso que serve o papel castanho; não é um adorno inútil e imagem de marca deste famoso pecadilho da Ferrero.

Chega a vez de desfazer a concha crocante de wafer. O wafer pouco doce faz um "reset" às papilas gustativas, preparando-as para receber, em todo o seu esplendor, o chocolate, aquele nutella cremoso e mole que se cola nos dedos à medida que vamos desfazendo o wafer. É nesta fase que o indicador e o polegar ficam cheios de chocolate meio chupado e as comissuras labiais estão saborosamente castanhas. É precisamente neste momento que uma pessoa entre em delírio com o bombom e coincide com a fase menos aceite socialmente da degustação do chocolate.

E finalmente, depois de saborear o creme de chocolate vem o clímax - desfazer a avelã inteira e torrada nos dentes molares; e temos novamente a combinação divina de chocolate (residual na boca mas ainda com uma forte presença) e avelã, mas com uma nova e supreendente textura. Depois do êxtase, deixa-se repousar a boca durante uns momentos, enquanto se pensa no prazer que foi comer o Ferrero Rocher. Nestes instantes, a sala, esquecida por completo, torna-se de novo real e apercebemo-nos, então, que temos na mão o papel castanho com migalhas de chocolate e avelã. Com o indicador apanham-se delicadamente as migalhas e saboreiam-se as mesmas saudosisticamente.

Sugiro que experimentem comer um Ferrero Rocher como ele deve ser comido, como ele foi feito para ser comido, ao som do 2º andamento da 7ª sinfonia de Beethoven. Ponham a música a correr e iniciem o ritual, descascando lentamente o bombom, saboreando-o por etapas, sentados no conforto do sofá da sala de estar. Nunca mais quererão colocar um Ferrero Rocher inteiro na boca.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

O chá é diurético e o café é laxante.

domingo, 21 de dezembro de 2008

A vida só vale a pena se nos expusermos ocasionalmente a situções de perigo que a tornem emocionante.

Há quem faça bungee jumping. Há que atravesse a passadeira muito devagarinho quando está vermelho para os peões.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Esclarecimento

Muitos amigos meus não ligados à música me perguntam:

"Qual é diferença entre escrever dó # e b? Soa igual!"

Escrever um dó # em vez de um b é mesma coisa que escrever "Essa de Queirós, ora eça!"

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Pergunta: Faça o fluxograma do surimi.

Resposta: O que é o surimi?...

Sonhos

Desde pequena que me dizem:
"Nunca desistas dos sonhos!"
Depois de anos a perseguir alguns (que se escapam pois são atletas de alta competição), encontrei uma explicação (bastante natalícia por sinal): nunca me disseram a frase até ao fim, e eu, qual sonhadora interpretei mal. O que realmente me queriam dizer era:
"Nunca desistas de um sonho, se não houver numa pastelaria, vai a outra!"
DECRETO-LEI Nº 276/2001

CAPÍTULO III
Normas para o alojamento de reprodução, criação, manutenção e venda de animais de companhia

Artigo 31º

b) Não é admitida a manutenção de peixes vermelhos em aquários de forma esférica.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Sistemas Binários


Hoje, decidi telefonar a um amigo para partilhar uma deliciosa descoberta...
Um outro amigo meu, que é Astrofisico, falou-me das estrelas binárias.
Segundo ele, de uma forma muito simples e para que uma criança de três anos possa entender, Estrelas Binárias são duas estrelas que orbitam uma em torno da outra, sendo uma sempre maior e que à vista desarmada podem ser vistas como uma só...
Comentava com o meu amigo ao telefone que este sistema tem algo de romântico, afinal estão ali as duas, a orbitar, como uma só... quando ele me diz:
"Ah pois é, muito romântico, mesmo.. afinal orbitam uma CONTRA a outra!"
Não há esperança...ligada ao amor, hoje em dia, vem sempre a violência doméstica!

Realmente a próstata é um orgão que não me faz falta nenhuma! - Parte II


Eu sou uma pessoa muito querida e adorada na minha rua! Tão adorada, mas tão adorada, que exerço em dias não previamente estipulados, consultas de terapia aos transeuntes, vizinhos e afins. (Uma terapia qualquer, é irrelevante qual!)
As consultas são dadas gratuitamente, sem acordo prévio com a minha pessoa e julgo que se iniciam espontaneamente devido ao meu olhar calmo e maternal…
Ainda a semana passada o arrumador mais competente da minha rua (não é ironia, ele é mesmo bom no que faz e é muito correcto e educado) iniciou o seguinte diálogo com a minha pessoa:
-Olá vizinha, ‘tá boa?
-Bem muito obrigada e você?
(ERRO! Se não queremos ouvir, não devemos perguntar…)
-Sabe, dia 18 de Novembro fiz anos…sabe, olhe 2 semanas no hospital! Ia-me morrendo!
-Ah sim? Então?
-Olhe, nesse dia vizinha comi tanto marisco e bebi tanta cerveja que me atacou aqui!
(coloca a mão sobre o “flanco direito” na zona da última costela)
-Ah estou a ver…atacou-lhe o Fíg….
-Como se chama este órgão pah! Aqui.Ai…atacou-me a próstata!
-Ui! (A minha cara maternal transfigurou-se e deu lugar a um esgar…um esgar de dor e contenção…não me podia rir ...afinal ele quase morreu!)
-Sabe vizinha, tenho que ter cuidado, porque eu já não tenho pai nem mãe.
Blá, blá, blá blá…mas eu só conseguia pensar na próstata… será que a pobrezinha ficou afectada porque os arrumadores não têm o hábito de ingerir marisco?
O Monsanto tem o seu encanto!

domingo, 14 de dezembro de 2008

domingo, 7 de dezembro de 2008

O poder do vermelho

Na sexta-feira fui ao Colombo em busca das prendas de Natal e aproveitei para ir ao supermercado porque precisava comprar leite e acetona.

E claro, coisas estranhas aconteceram, provavelmente porque vestia um casaco vermelho e as pessoas pensaram automaticamente: "Ora, aí vai uma menina com espírito natalício! Que bonito, tão querida." Nunca põem a hipótese de ser um casaco bloody.

Adiante. Passei pela secção de roupa de casa, a caminho do corredor dos produtos de higiene, e um senhor que tirava toalhas brancas de uma caixa grande e as atirava para o chão, ao mesmo tempo que gritava com a mulher ao telemóvel, dirige-se a mim:

- Oh menina, menina! Olhe aqui! - empunhava uma toalha verde na mão desta vez. - Olhe, menina, isto é verde-alface?

- Aaa... sim, acho que sim...

- Olha, melher, 'tá aqui uma menina que diz que é. ... Eu sei lá! ... Ela diz que é! ...

Se não for verde-alface acontece-me alguma coisa no futuro? Vêm atrás de mim? É que a senhora do outro lado do telefone parece perigosa.

- Olhe menina, obrigadinho hein? É que eu não sei o que é verde alface! ... O quê? ... Oh melher, eu já tenho uma, queres mais ou não? ...

Prossegui o meu caminho a pensar que as cores por vezes são subjectivas e lembrei-me das aulas de Patologia Geral, em que observava umas bolinhas ao microscópio e tinham várias cores e eu achava aquilo bonito. Tinha uma qualquer base científica por trás e o difícil mesmo era acertar na cor que o professor achava que era. Se eu classificava a bolinha como azul ele considerava incompleto porque era azul turquesa, mas se é para ir a esse nível, então permitam-me que discorde, porque aquilo era azul celeste.

Na secção da acetona procurava a mais baratucha e enquanto olhava para as várias acetonas à minha disposição com um ar entendido e concentrado, um senhor aproxima-se por trás e diz:

- Menina, desculpe, mas a menina... eu...

Era um senhor nos seus 40 anos e tinha um pacote de pensos higiénicos na mão. De todas as pessoas no supermercado, tinha de vir ter comigo, porque eu tenho um casaco vermelho.

- É que... a menina desculpe, mas pronto, a menina tem o período, não é?... é que não percebo nada disto...

Não sei como não me desmanchei a rir na cara dele. Fiz um esforço estóico, se calhar até estóico demais porque acho que consegui estar a falar com o senhor com a mesma cara, mas exactamente a mesma cara, com que avaliava as acetonas.

- Bom, eu... - comecei.

- É que é para a minha filha! - respondeu ele apressadamente, antes que eu pensasse que fosse ele próprio o utilizador - E ela, ela sai de casa com aqueles O.b.'s mas ela disse que em casa não usa isso e mandou-me comprar uns pensos e eu não percebo nada disto!... É que nunca comprei uns na vida...

Olhei com mais atenção para o pacote. Não conhecia a marca mas percebi que eram daqueles muito grossos, daqueles que nem se dobram na embalagem, tão grossos que são. Dizia à frente, em letras grossas, "noite tranquila".

- Olhe, estes realmente são dos que se usam para dormir, mas...

Fiquei indecisa... será que é apropriado ir com o senhor até à secção dos pensos higiénicos e dar-lhe uma palestra sobre as variedades, marcas e relação qualidade/preço dos ditos?

- É que há outras marcas, uns mais finos...

- São para dormir? Ora é isso mesmo! Olhe menina, muito obrigado, muito obrigado mesmo!

E foi-se embora feliz da vida, aliviado, sorridente. Missão cumprida.

Foi nesse momento que comecei a considerar seriamente envergar por carreira de apoio ao cliente em supermercados. Com certeza teria uma carreira de sucesso! Chegaria um nível tal que todos teriam respeito e admiração sem limites pela minha pessoa! Especialmente se a farda fosse vermelha.