domingo, 7 de dezembro de 2008

O poder do vermelho

Na sexta-feira fui ao Colombo em busca das prendas de Natal e aproveitei para ir ao supermercado porque precisava comprar leite e acetona.

E claro, coisas estranhas aconteceram, provavelmente porque vestia um casaco vermelho e as pessoas pensaram automaticamente: "Ora, aí vai uma menina com espírito natalício! Que bonito, tão querida." Nunca põem a hipótese de ser um casaco bloody.

Adiante. Passei pela secção de roupa de casa, a caminho do corredor dos produtos de higiene, e um senhor que tirava toalhas brancas de uma caixa grande e as atirava para o chão, ao mesmo tempo que gritava com a mulher ao telemóvel, dirige-se a mim:

- Oh menina, menina! Olhe aqui! - empunhava uma toalha verde na mão desta vez. - Olhe, menina, isto é verde-alface?

- Aaa... sim, acho que sim...

- Olha, melher, 'tá aqui uma menina que diz que é. ... Eu sei lá! ... Ela diz que é! ...

Se não for verde-alface acontece-me alguma coisa no futuro? Vêm atrás de mim? É que a senhora do outro lado do telefone parece perigosa.

- Olhe menina, obrigadinho hein? É que eu não sei o que é verde alface! ... O quê? ... Oh melher, eu já tenho uma, queres mais ou não? ...

Prossegui o meu caminho a pensar que as cores por vezes são subjectivas e lembrei-me das aulas de Patologia Geral, em que observava umas bolinhas ao microscópio e tinham várias cores e eu achava aquilo bonito. Tinha uma qualquer base científica por trás e o difícil mesmo era acertar na cor que o professor achava que era. Se eu classificava a bolinha como azul ele considerava incompleto porque era azul turquesa, mas se é para ir a esse nível, então permitam-me que discorde, porque aquilo era azul celeste.

Na secção da acetona procurava a mais baratucha e enquanto olhava para as várias acetonas à minha disposição com um ar entendido e concentrado, um senhor aproxima-se por trás e diz:

- Menina, desculpe, mas a menina... eu...

Era um senhor nos seus 40 anos e tinha um pacote de pensos higiénicos na mão. De todas as pessoas no supermercado, tinha de vir ter comigo, porque eu tenho um casaco vermelho.

- É que... a menina desculpe, mas pronto, a menina tem o período, não é?... é que não percebo nada disto...

Não sei como não me desmanchei a rir na cara dele. Fiz um esforço estóico, se calhar até estóico demais porque acho que consegui estar a falar com o senhor com a mesma cara, mas exactamente a mesma cara, com que avaliava as acetonas.

- Bom, eu... - comecei.

- É que é para a minha filha! - respondeu ele apressadamente, antes que eu pensasse que fosse ele próprio o utilizador - E ela, ela sai de casa com aqueles O.b.'s mas ela disse que em casa não usa isso e mandou-me comprar uns pensos e eu não percebo nada disto!... É que nunca comprei uns na vida...

Olhei com mais atenção para o pacote. Não conhecia a marca mas percebi que eram daqueles muito grossos, daqueles que nem se dobram na embalagem, tão grossos que são. Dizia à frente, em letras grossas, "noite tranquila".

- Olhe, estes realmente são dos que se usam para dormir, mas...

Fiquei indecisa... será que é apropriado ir com o senhor até à secção dos pensos higiénicos e dar-lhe uma palestra sobre as variedades, marcas e relação qualidade/preço dos ditos?

- É que há outras marcas, uns mais finos...

- São para dormir? Ora é isso mesmo! Olhe menina, muito obrigado, muito obrigado mesmo!

E foi-se embora feliz da vida, aliviado, sorridente. Missão cumprida.

Foi nesse momento que comecei a considerar seriamente envergar por carreira de apoio ao cliente em supermercados. Com certeza teria uma carreira de sucesso! Chegaria um nível tal que todos teriam respeito e admiração sem limites pela minha pessoa! Especialmente se a farda fosse vermelha.

8 comentários:

Luísa Cê disse...

Estás muito merry, Mary! *********

Anónimo disse...

Só tenho uma coisa a dizer:
"Trouxe Confettis!!!!!!"
:P

Madalena disse...

LOLOL minha piglet =D fartei-me de rir a ler!

Anónimo disse...

está brutal, eu imagino as pessoas a dirigirem-se a ti como uma velhota uma vez q passeavamos perto da tua casa. há qq coisa em ti q os chama, eheh
bjs rui

Anónimo disse...

está brutal, eu imagino as pessoas a dirigirem-se a ti como uma velhota uma vez q passeavamos perto da tua casa. há qq coisa em ti q os chama, eheh
bjs rui

Anónimo disse...

está brutal, eu imagino as pessoas a dirigirem-se a ti como uma velhota uma vez q passeavamos perto da tua casa. há qq coisa em ti q os chama, eheh
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Anónimo disse...

está brutal, eu imagino as pessoas a dirigirem-se a ti como uma velhota uma vez q passeavamos perto da tua casa. há qq coisa em ti q os chama, eheh
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Anónimo disse...

ok, apareceu 4 vezes, será q este tb vai aparecer 4 vezes?