quinta-feira, 30 de abril de 2009

O conceito de que há sempre lugar para mais um, só é válido para um tema e apenas um tema em concreto:
O concurso de quantas pessoas cabem num automóvel Twingo...

terça-feira, 28 de abril de 2009

Lost

Há três semanas perdi o meu Lisboa Viva. Deixei-o cair na estação de Metro do Colégio Militar. Fiquei bastante chateada, irritada, mal disposta, mal humorada e com urticária atrás do joelho. Pedi imediatamente um novo, que foi feito com urgência e passado uns dias tinha um Passe que reluzia e cheirava a plástico. Coloquei-o orgulhosamente numa bolsinha verde do Banco Agrícola para que não perdesse rapidamente essas maravilhosas características!

Ontem perdi esse Passe. Não sei onde o perdi. Infelizmente não posso telefonar para ele, porque não toca. Arrumei o meu quarto a fundo na esperança de o encontrar. Procurei-o no carro do meu irmão e no carro da minha mãe. Procurei-o em todos os bolsos de todas as calças e de todos os casacos. Arrumei a dispensa e descobri o par perdido dos meus ténis azuis e uma receita médica fora do prazo. Mas o paradeiro do Lisboa Viva continua uma incógnita. Está perdido. Para sempre.

Ser eu cansa.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

A Revolução dos Cravos e a Metrossexualidade dos Touros


Recentemente estive num encontro nacional de prestigiados Veterinários e aspirantes a tão nobre posição na teia social.
O encontro durou todo o fim de semana e coincidiu com as comemorações da Revolução dos Cravos: o 25 de Abril! Mas claro, a plateia só se emocionou quando um qualquer orador referiu que 25 de Abril era um dia importantíssimo e que todos os Portugueses deviam comemorar esta data:
Comemora-se no dia 25 de Abril o Dia Mundial da Veterinária, uma ocasião organizada desde 2000 pela Associação Veterinária Mundial (WVA) e pela OIE – Organização Mundial de Saúde Animal.

Mais importante que este deslize no patriotismo, para mim, foi uma palestra sobre Touros de Lide (independentemente das conclusões a tirar deste post gostei muito da dita palestra).


Imagine-se que a tendência para a metrossexualidade já chegou ao campo, aos mais (ou menos) garbosos Touros de Lide das mais conceituadas ganadarias! (Oléee toiiiiiiro liiiiindo!!!).

Um distinto Veterinário deu a conhecer à mais ilustre plateia de sempre das Jornadas em questão, algumas das mais importantes técnicas cirúrgicas que em muito contribuem para a saúde e bem estar dos Toiros Portugueses:



É do senso comum que apenas Touros em plena saúde e em excelentes condições físicas (e com TUDO no sítio!) podem "debater-se com honra" (sublinho que a expressão é de um qualquer betinho brazonado) nas arenas. Desta forma, estão a ser realizadas as seguintes cirurgias:


a) Implante de caudas por inteiro ou apenas por extensões das mesmas:



Existentes com as mais variadas cores e tonalidades (para aplicar no local onde deveriam estar as ausentes caudas por defeito genético ou trauma). É também possível escolher no matadouro fornecedor o comprimento e os reflexos das ditas caudas, resultantes do abate de umas grandessíssimas vacas...


b) Implante de testículos de silicone:



Consiste em dar alguma dignidade aos desgraçados dos Touros que por alguma infelicidade perderam parte do seu abono de familia. A técnica cirurgíca é refinada: é feita uma incisão na virilha do animal, colocado um preservativo (de preferência não usado) e de seguida o mesmo é injectado com silicone de reparação das casas de banho.



E voilá! A cirurgia estética é o Futuro da Veterinária em Portugal...

quarta-feira, 22 de abril de 2009

As mosquinhas que entram no nariz são inconvenientes. Como a verdade.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Sui genericidade dos bairros lisboetas - II

Hoje a minha avó contou-me que uma senhora que também frenquenta o seu Centro de Dia, teve uma aflição na noite anterior e foi preciso chamar o INEM.

A ambulância chegou rapidamente à Rua Palmira e os paramédicos ajudaram diligentemente a velhota num momento tão difícil. Acharam pertinente levá-la ao hospital para acompanhamento médico, mas quando desceram as escadas do prédio e sairam para a rua com a senhora ao colo não encontraram a ambulância.

Tinha sido roubada.

domingo, 19 de abril de 2009

Sabedoria Ribatejana

Vacas filhas de um cabr@o! São tão reles que até cagam Merd@!

sábado, 18 de abril de 2009

Episódio trágico-cómico



O ano de 2009 não tem sido generoso para os meus pequenos animais de estimação.

Em Fevereiro, o meu porquinho-da-índia sucumbiu ao tratamento de uma pneumonia, que consistia num antibiótico que, vim mais tarde a perceber, destruia a flora intestinal destes roedores, conduzindo-os inevitavelmente a uma morte diarreica.

O meu hamster teve uma morte mais rápida e provavelmente com menos sofrimento. Mas foi uma morte macabra. Ele foi... assassinado. Assassinado por mim, a dona.

Speedy Suicidy, era o seu nome. Era um Hamster Anão Russo Siberiano, mais rápido que uma bala e tinha tendências suicidas, atirando-se repetidas vezes de alturas mortais. A sua alimentação era à base de sementes de girassol. Pacientemente, tirava a casca e deliciava-se com a semente. Não tão pacientemente se preocupava com o brio das suas instalações residenciais e deixava as cascas espalhadas pela gaiola de três andares.

Eu, a dona, zelosa do seu bem estar, limpava as cascas, aspirando-as, uma técnica totalmente segura: enquanto o Speedy estava num andar, eu aspirava o outro.

Ontem, realizava essa tarefa, concentradamente, quando a minha mãe grita:

- Olha que ainda o aspiras!

- Não, mãe. Faço isto muitas vezes. É totalmente seguro.

Juro que virei a cara apenas durante os 0,8 segundos que durou esta resposta. Mas quando voltei a olhar, deparei-me, horrorizada com duas patinhas de meio centímetro que esperneavam com pânico à entrada do tubo do aspirador.

Rapidamente desliguei o aspirador e desmontei o tubo, na esperança de que ele ainda lá estivesse. Não estava. Abri o aspirador e palpei o saco, à procura de movimento. Não havia. Abri o saco do aspirador: era tudo cinzento, da cor no bicho. Demorei alguns minutos a encontrar o seu pequeno cadáver por entre o pó aspirado durante cinco meses. Era, efectivamente, nada mais que um cadáver. Voltei a enterrá-lo no pó, que se tornou a sua derradeira residência.

Ironia da vida: um hamster com tendências suicidas é assassinado pela sua própria dona, uma estudante de Medicina Veterinária.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Insanidade Familiar - estudo de caso - II

Ontem a minha avó comentou que tinha utilizado um champô azul. Mas nós usamos Herbal Essences Flor de Maracujá, que é amarelo. Fui à casa de banho ver o que poderia existir de azul, temendo que tivesse despejado Ajax Fabuloso Lava Tudo Montanha na cabeça.
Enganei-me redondamente. Não só o Ajax que utilizamos é Ajax Fabuloso Lava Tudo Floral que é cor-de-rosa, como reparei que o Dystron Líquido, para a higiene íntima da mulher, estava alarmantemente vazio. Podia pelo menos tê-lo utilizado noutros cabelos, que não os da cabeça.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Brokeback Mountain - Versão Ribatejana

Em plena Lezíria Ribatejana, sobre o sol ardente, o meu orientador de estágio extra-curricular enrruga a testa...
Fico imediatamente atenta, certamente me vai revelar mais um segredo ribatejano, alguma tradição dos campinos da Charneca ou partilhar alguma teoria filosófica veterinária (ou humana). Estamos os dois encostados a uma cerca de arame farpado. Uma mulher robusta e de formas arredondadas, com falta de alguns dentes, de cabelo crespo e curto, suja e vestida com uma indumentária semelhante a um pijama empunha um cajado e grita esganiçada na direção do rebanho de ovelhas:
"Ora Váaaaaaaaaaaaa! Ora Váaaaaaaaaaaaaaa, para a manga filhas de um cabr@o!"
Tenho vontade de rir...controlo-me, até porque sou eu que vou vacinar as bichas...e a seringa metálica que tenho na mão mete respeito e não a desejo espetada em nenhuma parte do meu corpo.
O meu orientador revela o que o atormenta:
-Sabes, foi assim, desta maneira que nasceu a homossexualidade!"
-Desculpe? O Dr. tem alguma teoria confirmada em campo, é?
-Repara, repara atentamente nesta mulher: voz esganiçada indicada para chamar o pessoal para a mesa comer, um aspecto que Deus me livre e... Não sei, parece-me que qualquer homem, com este tipo de mulher como companhia, rapidamente acha o seu companheiro pastor ou campino um ser MUITO mais atraente!
Fico sem resposta...Está mais que explicado e em certa medida bastante compreendido.

A FMV, por vezes, exacerba-me a vontade de abrir crateras no meu próprio crânio com um saca-rolhas de titânio!

terça-feira, 14 de abril de 2009

O poder do vermelho - III - Poder ao Quadrado


Hoje, passava eu, inocentemente, pelo Hospital D. Estefânia, com o meu violoncelo às costas e vestindo o meu casaco vermelho, quando, de repente, e sem aviso prévio, se iniciou uma chinfineira infernal! Parecia que as alminhas do Inferno se tinham escapado e gritavam, exorcizando o seu sofrimento Eterno. Os transeuntes, eu incluída, assustaram-se; uma velhota chegou mesmo a sofrer uma síncope, desfalecendo em cima de um senhor de meia idade que, ainda em choque, mal conseguiu amparar a queda da geriátrica.

Eram os pavões do Hospital, que gritavam, enraivecidos, ao meu violoncelo, o seu ódio exacerbado pelo acompanhamento rubro do meu casaco. Empoleirados na rede da sua gaiola de 350x200 centímetros por 250 centímetros de altura, não se cansavam de vociferar furiosamente, assustando as criancinhas, que rapidamente iniciaram um choro incoercível, que nem as enfermeiras nem os pais conseguiam sossegar.

Todas as pessoas estavam assustadas e alarmadas; ninguém compreendia o que se passava. Excepto eu. Eu sabia o que originara aquele espectáculo de horror - a dupla encarnada. Assim afastei-me do local, observando por cima do ombro a confusão geral que deixava para trás: as enfermeiras e pais que tentavam acalmar as criancinhas, os peões que tentavam reanimar a velhota, pois não conseguiam deslocar 93,6 Kg de peso-morto da entrada rodoviária para o Hospital, o que contribuia para o crescente e impaciente engarrafamento da Rua Jacinta Marto.

Mal saí do campo de visão dos pavões, estes calaram-se, voltando à sua rotina diária, que consiste em nada fazer. As criancinhas continuaram o pranto, até que perdi o seu som à medida que descia a rua.

Decididamente preciso adquirir uma capa nova para o meu violoncelo. Talvez seja prudente usar menos este casaco. Certamente nunca mais sairei em público com esta mortal combinação!

sábado, 11 de abril de 2009

Dilemas diários profession-specific

Resina - é colocada nas cerdas do arco e é essêncial para que haja atrito entre as cerdas e as cordas, gerando som.


Tenho uma amiga, Mad Piggy, que toca viola. Viola de arco, não é guitarra, devo esclarecer.

No final de uma semana de árduo trabalho, juntámo-nos para um café, cansadas, e ela desabafou comigo:

- Fiz uma grande porcaria no fogão da cozinha! Resolvi seguir uma técnica do Jonas para derreter a resina e juntar os pedaços... Resultado: aquilo quase explodiu e espalhou-se tudo pelo fogão. E fiquei sem resina!...

- Oh minha porca badalhoca! - explodi eu, um pouco irracionalmente - Experiências resinais no fogão da cozinha? No da cozinha??? Por que não usate o da casa de banho? ...tse tse... Deixa lá que eu já fiz essa mesma badalhoquice nos meus primeiros anos de violoncelo, quando partir resinas, para mim, era como tomar banho de manhã. Depois de muitas resinas destruidas, os meus pais não me quiseram comprar mais nenhuma, então experimentei a técnica do fogão e foi uma grande cagada, difícil de limpar ainda por cima! Já não temos esse fogão. Agora temos outro. Na cozinha. A partir daí o meu pai, que tinha adquirido recentemente um maçarico para a sua oficina, passou a colar-me os fragmentos com auxílio dessa engenhoca perigosa.

A minha amiga ficou calada, pelo que continuei, para não criar um daqueles silêncios desconfortáveis.

- Agora transporto a resina numa pequena caixa de plástico que foi um recipiente de um creme para as mãos da Sou (o mais barato do mercado - cerca de 2€. Não é um mau creme). Transporta também o útil corta-unhas, para dias de aula/audição em que me esqueço de cortar as garras assassinas, e uma moeda de 20 cêntimos, caso seja preciso... hmm...

- Uma pastilha?...

domingo, 5 de abril de 2009

Karma


Hoje, nós, as famigeradas Autoras deste magnífico e mui apreciado blog fomos dar um passeio. Rumo ao Parque dos Poetas, no carro da minha co-autora e amiga, passámos por um cartaz que anunciava "Feira Esotérica de Oeiras". Não pudémos deixar de ir, nunca chegando a passear nas belas imediações do Parque dos Poetas.

A Feira Esotérica era constituída por várias tendas dispostas em dois corredores - o corredor das tendas de leitura de Tarot, Mãos, Numeralogia, etc., e o corredor de produtos variados, como mézinhas complicadas com bases oleosas, candeeiros de papel, pedras dos signos, águas de colónia com nomes sugestivos ("Atrai Freguês" para Atrair, Seduzir e Conquistar) e... cartas astrais!

Escolhemos, sem pensar duas vezes, a carta astral relacionada com a nossa vocação profissional, numa tentativa desesperada de encontrar orientação para atingir a verdadeira realização pessoal.

Em apenas 3 minutos tinhamos na nossa posse, cada uma, um conjunto de 14 folhas que continham a sabedoria, a orientação, a luz!

Sem grandes delongas, saltámos para a página 14 - "Síntese: O Talento único". Eis senão quando nos deparamos com a horrenda verdade... entre primeiros empregos, para os quais temos vocação e que estão sintonizados com a essência do nosso ser, estava, desavergonhada, a Veterinária.

Abaladas, como se o destino nos tivesse dado uma bofetada, encostámo-nos nas costas do banco e assim ficámos, folhas caídas no regaço, em silêncio, durante um período de tempo que nenhuma de nós pode precisar.

- Afinal, não tenho culpa das minhas escolhas. É kármico!
- Só de pensar que se tivesse nascido um pouco mais tarde ou mais cedo, tudo poderia ser diferente... Não era preciso muito! Seria coisa de 15 minutos!
- A culpa é das nossas mães!
- Pois é!!!

Já nos preparávamos para amaldiçoar as nossas mães quando nos lembrámos que, na verdade, ambas tivemos alguma dificuldade para nascer: uma ficou com o nariz entalado no canal e outra vinha com a cabeça toda torta, sendo necessário rodá-la com o auxílio de uma ventosa.

- Afinal somos responsáveis...
- Sim...

Resignámo-nos à evidência. Estamos destinadas a tornar-nos veterinárias, nem que seja apenas pelo canudo. Após alguma meditação atingimos uma paz interior - o karma é lixado, não há por onde escapar.

sábado, 4 de abril de 2009

Hoje estive a ouvir o Stabat Mater de Pergolesi. Identifiquei-me.
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