sábado, 21 de fevereiro de 2009

Insanidade Familiar - estudo de caso - I

Vivo em casa com gente insana.

Ainda hoje, ao observar o comportamento dos familiares do meu agregado familiar, tal Jane Goodall, me pergunto como conseguiram os meus pais gerar a pessoa normal que sou, ainda para mais inteligente, responsável, sensata, atenciosa, criativa e bonita acima da média.
Após pesquisa intensiva em livros e nos mais recentes artigos científicos de geneticistas conceituados mundialmente, concluí que a Insanidade é uma característica hereditária, provavelmente ligada ao cromossoma X, e a probabilidade de eu ter nascido perfeita foi de 25%. Reparem:


Como podem constatar, o meu pai, apesar de não-insano, tem o seu quê de loucura e o meu irmão realmente teve muito azar com os gâmetas que lhe deram origem.

Estes factos têm implicações no meu dia-a-dia, e se para muitos é motivo de risota, para mim não tem piada nenhuma.

A minha avó, por exemplo, é cleptomaniaca, mas só rouba papel higiénico. Com tanta coisa que podia roubar, bem que podia trazer algo mais valioso, mas a Cleptomania é mesmo assim. Enfim, como as coisas estão hoje se uma pessoa consegue poupar no papel higiénico ainda poupa alguma coisa e é aí que me afecta. Porque se a Cleptomania, sendo uma doença psiquiátrica, pode justificar o furto de papel higiénico, a partir do momento em que este se torna valioso, a minha avó passa a ser considerada criminosa. Outra prespectiva deste problema prende-se com o facto de a minha mãe (com o seu gen-ins) além de não estar sensibilizada para esta indiscrição da minha avó, sofre da conhecida patologia que se dá pelo nome de Irresistência a Promoções de Supermercado, ainda por cima complicada por Desconhecimeto Crónico dos Bens em Falta no Lar, o que resulta na compra semanal de "packs" familiares de papel higiénico ("para poupar dinheiro", são palavras da própria). E o balanço semanal de papel higiénico em minha casa é:


Ora, ao fim de um mês não há espaço para armazenar o excedente de papel higiénico devido ao carácter desproporcional da relação [número de rabos a limpar/quantidade de papel higiénico].

A minha mãe atinge outro patamar de implicação negativa no meu quotidiano. A título de exemplo, no sábado passado exigiu que removesse o gelo acumulado durante 5 anos no congelador, porque já estava incomodada com o facto de as gavetas não fecharem bem. Como sábado é dia de ir ao supermercado e havia uma quantidade impressionante de salada russa congelada (como lhe apetece muitas vezes salada russa, mas ninguém a faz, quando a vê no supermercado tem de a adquirir) desligar o frigorífico para que o gelo derretesse estava fora de questão. Assim, para que eu executasse a ingrata tarefa de remover o gelo deu-me uma colher de pau ("porque o picador de gelo risca-me o congelador todo!", explicou-me ela). Excusado será dizer que estive horas com as minhas delicadas mãos no gelo, de joelhos na tijoleira, com neve, gerada por mim, a entrar pelas mangas da camisola. A minha mãe, ao ver dois alguidares de gelo bem cheios decide ajudar-me. Infelizmente, era um dia de exacerbação do gen-ins e ela deitou os dois alguidares na sanita, admirando-se ao constatar que o gelo não progrediu pelo sistema de canalização. E isto afecta-me! - depois de uma tarde a tirar o gelo do congelador precisava de ir a casa de banho e não pude porque não conseguia sentar-me na sanita.


Episódios destes fazem parte do meu dia-a-dia, mas por factores genéticos relacionados com a ausência do gen-ins, simplesmente não me consigo habituar a eles.

Não me vou pronunciar relativamente aos casos de Insanidade do meu irmão (portador dos genes gen-ins e gen-Q-craze) porque ele é maior e mais forte que eu.

Manter-vos-hei a par de manifestações típicas de Insanidade Familiar que vou presenciando. Por favor divulguem-nas, pois infelizmente esta é uma doença pouco conhecida fora da comunidade científica e há certamente muitas pessoas normais que sofrem com familiares vítimas desta devastadora patologia do foro genético.

8 comentários:

Anónimo disse...

:D
Mi, és a maior. Nunca me ri tanto em frente a um computador. Boa sorte com a vida familiar.
****

Anónimo disse...

LOLOLOLOLOLOLOLOLOLOL!

Oh god... tanto papel higiénico...

Anónimo disse...

LOL... Demais...
Já vi que há quem faça muita M**** na tua casa... daí a necessidade de tanto papel...! loooooolollloololol

Anónimo disse...

Muito bem feito o estudo, gosto de reparar na dedicação e empenho colocados na apreciação da genética familiar. Mas pá, quando cheguei à foto da sanita com tanto gelo! XD entrei em coma!! Pááááááá. Tiveste de pedir para ir à casa-de-banho do vizinho do lado ou k? quem te dera não é?

Bela Q. disse...

Fartei-me de rir com este post. As imagens ajudaram bastante. Deixa lá. Todos nós temos o nosso quê de insanidade.
Beijinho

Anónimo disse...

looooooool. como é k consegues ser tao "normal"?lol

Anónimo disse...

LOLOLOLOLOL. A ilustre autora merece um prémio nobel pela qualidade excelente do estudo :). Já para não falar numa bolsa de mérito pela sobrevivência em ambiente inóspito durante anos. Há sempre a possibilidade de teres sido adoptada e de os teus pais biológicos serem gente famosa, rica e sã. É melhor pesquisares. LOL

Anónimo disse...

Só rir! Muito bom, mesmo. Keep up the good work ;)